Publicado por José Geraldo Magalhães em Igreja e Sociedade - 16/10/2022 às 19:09:29

Trajetória do Bispo Emérito Paulo Ayres Mattos

O Bispo bispo metodista emérito Paulo Ayres Mattos, faleceu hoje (16), em São Bernardo do Campo, SP. Nascido na cidade do Rio de Janeiro/RJ em 25/12/1940. Filho de ex-militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e ex-preso político, que se converteu ao metodismo. No início da década de 1960, começou a fazer parte do Conselho de Redação da revista Cruz de Malta, publicação da Mocidade Metodista. Em 1962, ingressou no Seminário Teológico Metodista em São Bernardo do Campo (São Paulo).

Em 1965, foi escolhido como Coordenador Nacional da Mocidade Metodista e, por isso, recebeu uma bolsa do Conselho Mundial de Igrejas para fazer um curso em Chicago (Estados Unidos), mas quando retornou, em 1967, não assumiu o cargo, pois foi designado como pastor no bairro de Taquara (Rio de Janeiro). Depois disso houve um agravamento do conflito entre os setores progressistas e conservadores da Igreja Metodista, que resultou, em 1968, no fechamento da Faculdade Metodista de Teologia em São Bernardo do Campo. Nesse contexto, no final de 1968, transferido imperativamente por seu bispo para Cabo Frio, no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro. Foi denunciado por pastores de sua própria Igreja para os órgãos de repressão ditatorial.

Em 1969, começou a colaborar com o Centro Evangélico de Informação-CEI, que era formado por remanescentes do Setor de Responsabilidade Social da Confederação Evangélica do Brasil, como: Jether Ramalho, Waldo César, Carlos Alberto Correa da Cunha e Domício de Mattos. Em 1972, foi demitido do Colégio Bennet e de uma escola onde dava aulas de inglês em Cabo Frio, devido a ordens oriundas de agentes da Ditadura Militar. No final de 1973, deu apoio a refugiados da ditadura instalada pelo golpe militar no Chile, que ficaram temporariamente no Brasil. Esse apoio ocorreu, principalmente, por meio do acesso dos refugiados às instalações do Colégio Bennett para atividades sociais.

Em fevereiro de 1974, foi transferido para Niterói (Rio de Janeiro) e, desse modo, pode assumir a secretária executiva do Centro Ecumênico de Documentação e Informação, CEDI. Em 1977 o Bispo Paulo Ayres foi eleito no Concílio como Bispo da 1ª Região Eclesiástica. Em 1987, no 14º Concílio Geral, foi o primeiro Bispo superintendente da nova Região Missionária, a REMNE. Em 1997, no 16º Concílio Geral, em Belo Horizonte, se aposenta e é eleito Bispo Emérito da Igreja Metodista Brasileira. No Recife estabeleceu uma boa relação com Dom Helder Câmara, então o Arcebispo da Igreja Católica naquela cidade.

Foi professor na Faculdade de Teologia (Fateo). Era professor pesquisador da Faculdade de Teologia Refidim, Joinville, SC. Foi convidado pelo Dr. George Freeman, Secretário Geral do Conselho Mundial Metodista, a participar da Comissão Mista Metodista-Católica em nível mundial para o quinquênio 2007-2011. "Sinto-me profundamente honrado pelo convite recebido e não o considero somente como uma deferência à minha pessoa, mas, indiretamente, ao metodismo brasileiro", afirmou o Bispo Paulo. Contudo, ele ressalta que o convite foi-lhe endereçado individualmente e não em representação oficial da Igreja Metodista no Brasil.

Pastor metodista por 59 anos, com ministérios em São Paulo, Rio de Janeiro, Portugal e Nordeste do Brasil; doutor em teologia pela Drew University (2005-2013); professor do Programa de Pós-Graduação da Universidade Metodista de São Paulo e Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP. Casado com Maria Rita, pai do casal de gêmeos Caio e Patrícia, e avô de Anna Victoria. Morava em São Bernardo do Campo, SP. Foi um interlocutor permanente do diálogo ecumênico e sempre em diálogo com o cardeal Paulo Arns em São Paulo e dom Helder em Recife, PE

//Com informa'ções do GTME

Fernando Altemeyer


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