Publicado por Redação em Notícia - 25/07/2024 às 14:34:28

REMNE, sua jornada e seus propósitos

Conheça um pouco da história da chegada do Metodismo no Nordeste
até a atual configuração da Região Missionária do Nordeste, bem como
seus líderes, resultados do trabalho e perspectivas

 

"Diga ao povo metodista
que marche!” – Êxodo
14:15 (parafraseado)

 

O CONTEXTO DO NORDESTE
O Nordeste brasileiro (NE) é composto por nove estados vizinhos: Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco (com o Arquipélago de Fernando de Noronha, outrora Território Nacional), Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão. Tem uma área territorial de 1.558.000 quilômetros quadrados. A geoeconomia desta Região está subdividida em quatro ambientes naturais: a Zona da Mata (que abrange o litoral), o Agreste, o Sertão, e, nos limites entre Piauí e Maranhão, o Meio Norte.

 

Os primeiros contatos do NE com o metodismo
Oficialmente, o primeiro missionário metodista a visitar o NE foi o Rev. Daniel Parish Kidder, que também exercia o ofício de Colportor (distribuidor de livros e bíblias) da Sociedade Bíblica Americana. Ele chegou ao Brasil em 1837, e, devido ao falecimento precoce da sua esposa, retornou aos Estados Unidos (EUA) com seus dois pequenos filhos em 1840. As observações que recolheu durante a sua estada no Brasil ficaram conhecidas por meio de seus dois livros: “Reminiscências de viagens e permanência no Brasil” (1845), e “O Brasil e os brasileiros” (1857), escrito em parceria com outro missionário metodista, Rev. James C. Fletcher, que também passou algum tempo no país. Ambas as obras trazem dados históricos e geográficos desde o descobrimento, período colonial e Imperial, a partir das províncias percorridas.

Outra tentativa de implantação do metodismo no Norte e Nordeste do Brasil aconteceu com o Rev. William Taylor, da Igreja Metodista Episcopal do Norte (EUA), que, em 1880, trouxe os missionários Justus Henry Nelson e esposa, e Walter Gregg, organizando em 15 dias uma escola para crianças brasileiras, em Belém (PA), usando a Bíblia Sagrada como cartilha. Em 1º de julho de 1883, organizou-se naquela capital a Igreja Metodista Episcopal.

O Rev. Taylor ainda visitou as capitais do Maranhão, Pernambuco e Bahia, visando à abertura de trabalhos de sustento próprio. Via de regra, instalava-se uma escola para facilitar o acesso às famílias. Também essas tentativas fracassaram e as equipes retornaram para os EUA.

Várias outras equipes missionárias também tentaram evangelizar o NE a partir do Recife (PE), a exemplo de Robert e Charles Shelton e esposas; depois, Dr. Wray e Beatti; e ainda George W. Martin. Em 1882, chegaram ao Recife F. F. Roose e sua esposa, mas logo também retornaram. George Benjamin Nind, autor do consagrado hino Segurança e Alegria (341 do Hinário Evangélico), morou no Recife por 12 anos. Infelizmente, todas sem lograr êxito.

Quando a Igreja Metodista se consolidou no Brasil nas Regiões Sudeste e Sul, foi retomada a ideia de se iniciar o trabalho metodista no Nordeste, enviando então o seu primeiro missionário, um brasileiro.

 

implantação definitiva do metodismo no NE
Justamente 16 anos após a autonomia do metodismo brasileiro (ocorrida em 2 de setembro de 1930), a Igreja Metodista no Brasil toma a iniciativa de implantar o trabalho missionário no NE. Essa decisão foi tomada no 5º Concílio Geral, realizado em Piracicaba (SP), nos dias 14 a 26 de fevereiro de 1946. A cidade escolhida como prioridade missionária foi Salvador (BA). Foi selecionado e designado para essa missão o Rev. Benedito Natal Quintanilha.

No dia 7 de dezembro de 1947, o Revmo. César Dacorso Filho, primeiro bispo brasileiro, batizou os primeiros convertidos e algumas crianças em Salvador (BA). 

A missão em Aracaju (SE) iniciou a sua trajetória para a consolidação entre os anos de 1961-1965. Ela era assistida inicialmente pelos pastores de Salvador. O casal Rev. Vicente Aparecido Borges e sua esposa, Vera Lúcia Morais Borges, foram os primeiros missionários metodistas residentes na capital sergipana.

 

Avanço e despertamento vocacional dos metodistas nordestinos
Com o avanço da obra metodista no NE, o natural surgimento de lideranças nativas para a continuidade da missão se tornou uma realidade. Destacam-se, a partir daí, o Pr. Francisco Porto de Almeida (1º pastor, 1984) e Revda. Maria Lopes Monteiro (1ª presbítera, 1984), ambos de Fortaleza (CE) Jane Menezes Blackburn, do Recife (1ª diaconisa nordestina, 1988). Após estes(as), muitos(as) outros(as) também assumiram ministérios e servem ao Senhor tanto nas Igrejas locais, Distritos, Região e na Área Nacional. Hoje, a grande maioria dos(as) obreiros(as) da REMNE são oriundos(as) da própria terra.

 

Mulheres pioneiras no metodismo nordestino
Louvamos a Deus pelos serviços prestados por diversas mulheres no decorrer da nossa história, servas do Deus vivo e missionário, algumas anônimas, mas importantes no reino de Deus, usadas na implantação da Igreja Metodista em terras nordestinas. Dentre elas, podemos destacar: a missionária Gladys Oberlin, que atuou no Recife, em 1962; a diaconisa, depois pastora, Arlete Quaresma, que também atuou no Recife, em 1965; a querida Revda. Maria Lopes Monteiro, 1ª mulher nordestina ordenada presbítera da REMNE, em 1984; a diaconisa Jane Menezes Blackburn, consagrada em 1988; e a Revma. Marisa de Freitas Ferreira, eleita e designada para a REMNE, que a presidiu por quase 20 anos. Cremos em um Deus que, em Cristo, não faz acepção de pessoas. Em Cristo não há judeus, grego, homens, mulheres, escravos e livres. A Ele a Glória! 

De Campo Missionário Geral à Região Missionária do Nordeste (REMNE)
O Nordeste metodista, de 1946 a 1982, era classificado como um Campo Missionário Geral sob a supervisão direta do Conselho Central da Igreja Metodista do Brasil, o equivalente hoje à Cogeam – Coordenação Geral de Ação Missionária.

Em 1969 foi realizada a 1ª Consulta Missionária do Nordeste, composta por representantes das Juntas Gerais e Regionais, visando estabelecer projetos de parcerias para o avanço da Igreja Metodista, principalmente no Norte e Nordeste do Brasil, onde foram apresentados bons planos, mas que não saíram do papel.

Atendendo ao apelo dos pastores que atuavam no NE, que gostariam de ter encontros fraternos e que pudessem trocar experiências ministeriais e missionárias, foi realizado em 1972, sob a liderança do Secretário-Geral de Missões, o 1º Encomene (Encontro de Obreiros Metodistas do Nordeste), considerado efetivamente a célula incentivadora e motriz da REMNE. O movimento era composto por clérigos e leigos, sendo dois delegados de cada Igreja e congregação; um representante de cada centro comunitário; um representante dos candidatos ao ministério pastoral e uma representante das esposas de pastores.

Em 1977 foi elaborada uma proposta para que o Campo Missionário no NE fosse transformado em Região Missionária, mas a proposta não foi aprovada no XII Concílio Geral, em 1978.

Já em 1982 foi criada uma Comissão Nacional para estudar e elaborar uma proposta sobre a possibilidade de criação da REMNE, a partir dos reclamos dos Encomene’s, que já estava na sua 10ª edição.

A REMNE – Região Missionária do Nordeste, foi criada no XIII Concílio Geral, em 1982, sendo designado para supervisioná-la, mesmo sem nela residir, pois era o bispo da 1ª Região Eclesiástica (todo o estado do Rio de Janeiro), o Revmo. Paulo Ayres Mattos, que assim a assistiu até 1987, quando foi realizado o XIV Concílio Geral e o mesmo foi reeleito e reconduzido, agora como exclusivo e residente no NE, o que se repetiu até 1997. Mesmo se tornando uma Região Missionária, o Nordeste permaneceu debaixo da administração do Colégio Episcopal da Igreja Metodista. O artigo 20 do Regimento da REMNE, parágrafo 1º (Da Organização da REMNE) definia que esta “é supervisionada pelo Colégio Episcopal, por intermédio de um bispo-presidente por ele designado”. E, no parágrafo 3º, declarava que “O Colégio Episcopal exerce os poderes inerentes aos Concílios previstos nos Cânones, no que for aplicável, quanto a assuntos de natureza econômico-financeira e patrimonial da Remne, ouvido o Concílio Regional Missionário ou a Mesa do Concílio Regional Missionário da mesma”. Foi criado o Concílio Regional, órgão administrativo e deliberativo da REMNE; porém, as decisões eram de “Ad referendum” do Colégio Episcopal.

O 1º Concílio Regional da REMNE foi realizado em 1984, sob a presidência do Revmo. Paulo Ayres Mattos.

Um fato curioso é que as Igrejas Metodistas no Estado da Bahia, mesmo sendo localizado na Região Nordeste, neste tempo, faziam parte da 4ª RE, junto com Minas Gerais e Espírito Santo, somente integrando a REMNE por decisão do XV Concílio Geral, realizado em 1991.

Mesmo com as conquistas obtidas até aquele momento, dentro do planejamento da Igreja, havia um desejo enorme de que a Região Missionária organizada tivesse sua própria autonomia administrativa. Esse tema foi objeto de discussão em 1997, no XVI Concílio Geral da Igreja Metodista, realizado na cidade de Piracicaba, de 11 a 19 de julho. Nesta direção, o Colégio Episcopal propôs a emancipação administrativa da REMNE, com transferência integral a seus órgãos competentes, a partir de fevereiro de 1998, das responsabilidades da administração econômico-financeira e patrimonial da Igreja Metodista no âmbito da Região do Nordeste, nos mesmos termos da legislação canônica sobre Regiões Eclesiásticas, ainda, a participação da Administração Geral, das Regiões Eclesiásticas e das igrejas cooperantes no sustento da obra missionária no Nordeste do Brasil, através de convênios de parcerias missionárias negociados diretamente entre as partes interessadas, de acordo com critérios missionários e administrativos, que foram plenamente aprovados pelo XVI Concílio Geral. Desta forma, o processo de desenvolvimento da REMNE se deu assim: de Campo Missionário Geral a Região Missionária com assistência episcopal à distância (1982); Região Missionária com bispo residente (1988); e Região Missionária com autonomia administrativa (1998). 

Bispos e bispa que presidiram a REMNE
A Região Missionária do Nordeste, no decorrer da sua bendita trajetória, contou com a participação de homens e mulher de Deus na sua presidência e liderança. Eles foram reconhecidos, eleitos e designados pelo órgão máximo da Igreja Metodista, o seu Concílio Geral. 

O Revmo. Paulo Ayres de Mattos foi o primeiro bispo designado pelo Concílio Geral Episcopal para supervisionar a recém-criada Região Missionária do Nordeste. Ele presidiu a Igreja Metodista no Nordeste de janeiro de 1983 (residindo no RJ, 1ª RE, até 1987) a 1997 (residindo e supervisionando exclusivamente a REMNE).Foram, portanto, 14 anos de dedicação à REMNE.

O segundo bispo a presidir a REMNEfoi o Revmo. Adriel de Souza Maia. Ele foi eleito e designado pelo XVI Concílio Geral, realizado em 1997. Foi bispo de 1998 a 2001 (o período eclesiástico foi de quatro anos). No XVII Concílio Geral, foi reeleito e designado para a 3ª RE a partir de 2002. Foi um bispo que, apesar do curto período na REMNE, muito se preocupou e dinamizou o trabalho missionário, dando ênfase às áreas: Pastoral, Econômico-financeira e administrativa; Patrimonial e Avanço Missionário.

A REMNE teve o privilégio de ter como sua presidente a Revma. Marisa de Freitas Ferreira, primeira mulher eleita ao episcopado em mais de 100 anos da Igreja Metodista no Brasil. Após a eleição, ela foi designada pelo XVII Concílio Geral para residir na capital pernambucana, sede da REMNE. Durante os seus quase 20 anos de episcopado em terras nordestinas, ela enfatizou o princípio da conexidade da Igreja, estabelecido através da proposta de macropolíticas do Planejamento Estratégico Regional, entendendo que os Distritos são a base para o desenvolvimento, na visão de autossustento, autogoverno e autoproclamação/unir, consolidar e avançar.

Claro que a extensão geográfica da REMNE, bem como a sua situação econômica passaria a exigir que as Igrejas locais, a partir dos Distritos, buscassem as soluções possíveis para uma expansão missionária viável. É nesta perspectiva que cada Distrito passou a ser organizado em Circuito, conforme decisão do XII Concílio Regional.

Ainda, não podemos nos esquecer e louvar a Deus pela corajosa atuação dos Superintendentes Distritais, principalmente do Rev. Dilson Soares Dias, na presidência da REMNE, sob a supervisão do Revmo. Adonias Pereira do Lago, designado pelo Colégio Episcopal, durante a licença médica e posterior aposentadoria da bispa Marisa. Nossa gratidão!

Por decisão do XXII Concílio Geral da Igreja Metodista do Brasil, realizado em Sorocaba/SP, em julho de 2022, a Região Missionária do Nordeste, a partir de 1º de janeiro de 2023, deixou de ser composta pelos nove estados nordestinos, sendo agora formada pelos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Os outros estados foram integrados às Regiões Eclesiásticas existentes, a saber: Paraíba (1ª RE), Rio Grande do Norte (8ª RE), Ceará (4ª RE), Piauí (3ª RE) e Maranhão (7ª RE). Também neste Concílio, foi eleito e designado para a REMNE o Revmo. André Luiz de Carvalho Nunes, primeiro bispo nordestino. 

A ordem é para marchar!
Na nova disposição da REMNE, os quatro estados estão subdivididos em quatro Distritos: DMN1 (PE), DMN2 (SE e AL), DMN 3 (BA Norte) e DMN4 (BA Sul), sob a liderança de corajosos Superintendentes. Os 46 trabalhos missionários existentes (Pontos Missionários, Congregações e  Igrejas), estão presentes nas seguintes cidades: Salvador, Vitória da Conquista, Itabuna, Porto Seguro, Alagoinhas, Santo Amaro, Aporá, Camaçari, Tremedal, Bom Jesus da Lapa e Lauro de Freitas, na Bahia; Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Araçoiaba, Limoeiro, Caruaru, Varjada e Petrolina, em Pernambuco; Maceió, em Alagoas; Aracaju, N. S. do Socorro, Malhador, Muribeca e Barra dos Coqueiros, em Sergipe, sendo ministrados por 65 Obreiros(as) – Presbíteros(as), Pastores(as) e Missionários(as) Designados(as) – MDs. A maioria desses trabalhos existentes não tem condições de custear seus(as) obreiros(as), razão porque grande parte deles(as) são de dedicação voluntária ou de tempo parcial. 

O Relatório Estatístico de 2023 aponta que tivemos um dos maiores recebimento de membros da nossa história: 383 novos membros e, em 2024, já estamos vendo sinais de que vamos superar esse número, pois várias comunidades já divulgaram as suas celebrações de recepções de membros através de Profissão de Fé e Batismo, Assunção de Votos e Confirmações de Pacto Batismal. Glória a Deus! A REMNE, com base nos dados de 2023, tem 3.221 membros ativos arrolados.

A REMNE tem como desafio chegar ao XXIII Concílio Geral, em 2027, com suas metas (autogoverno, autoproclamação e, principalmente, o autossustento) alinhados e superados, e apresentando a sua proposta de autonomia, tornando-se a mais nova Região Eclesiástica da Igreja Metodista brasileira. Para atingir esse objetivo, está tendo sensibilidade espiritual e visão missionária. A Região Missionária do Nordeste já atende os dois primeiros critérios (metas), restando-lhe alcançar a sua autonomia financeira. Neste quesito, percebe-se que ainda somos dependentes de 40% de recursos financeiros oriundos das Regiões Eclesiásticas e da Oferta Missionária Nacional.

É natural afirmar que uma Igreja, e porque não dizer, uma Região, para ser declarada madura e responsável, necessita atender alguns requisitos tais como: crescimento orgânico, ministerial, numérico e financeiro; desafiar, treinar e designar novas lideranças; abrir novas frentes missionárias, como Grupos Pequenos, Ministérios e serviços, Pontos Missionários, Congregações, Igrejas e Distritos, o que já estamos colocando em prática. Mesmo tendo um curto prazo, principalmente
em um contexto pós-pandêmico, onde, de modo geral, temos visto em quase todas as denominações algumas Igrejas desmotivadas e dispersas, cremos que estamos no caminho certo e que o Senhor da seara já está abençoando a nossa jornada.

Junte-se a nós! Se você quer ser um parceiro missionário da REMNE, entre em contato (71) 99216-4714. 

 

Bispo André Luiz de Carvalho Nunes
Bispo da REMNE

 


Revmo. André Luiz de Carvalho Nunes, o primeiro bispo nordestino, foi eleito 
e designado para a Remne no XXII Concílio Geral.

 

       

 


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