Publicado por José Geraldo Magalhães Jr. em Notícias, Notícia, Igreja e Sociedade, Atualidade, Conscientização, Missão - 12/03/2019 às 11:07:21
Presidenta da Diaconia assina Termo de Convênio do Projeto Algodão em Sergipe
A Presidenta do Conselho Diretor da Diaconia, Pastora Joana D'Arc Meireles, assinou hoje pela manhã, 12, no Campus Sertão da Universidade Federal de Sergipe (UFS), localizado no município de Nossa Senhora da Glória, Alto Sertão Sergipano, o Termo de Convênio do Projeto Algodão que tem início em seis estados do Semiárido Nordestino do Brasil. A proposta pretende atingir mais de 70 toneladas de pluma orgânica e em transição apenas no primeiro ano de atividades com geração de renda para mais de duas mil famílias agricultoras com o aprimoramento e expansão do algodão agroecológico consorciado com outras culturas alimentares no Semiárido Nordestino.
Durante o primeiro ano, dos dois anos totais de duração, o projeto favorecerá a produção de mais de 70 toneladas de pluma orgânica e em transição, juntamente com 127 toneladas de feijão, 242 de milho e 23 de gergelim.
Paralelo à produção, haverá o fortalecimento dos Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade Orgânica (OPACs), associações habilitadas em conferir o Selo Orgânico Brasileiro aos produtos consorciados. A ação visa aproximar as famílias agricultoras do comércio justo e do mercado orgânico, além de garantir a segurança alimentar e nutricional delas.
Outros fatores a serem destacados são o protagonismo das mulheres e a conservação dos recursos naturais. A iniciativa, que teve início em agosto de 2018, é coordenada pela Diaconia em parceria estratégica com a Embrapa Algodão e a Universidade Federal de Sergipe (UFS, Campus Sertão – Nossa Senhora da Glória). O projeto ainda conta com o apoio técnico e financeiro do Instituto C&A.
Para a execução do projeto, a Diaconia também estabeleceu parcerias com ONG’s locais com experiência em agroecologia que serão responsáveis pelo assessoramento técnico para fortalecimento dos OPAC’s e da produção agroecológica.
No Sertão do Piauí, a Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato desenvolve as atividades na Serra da Capivara. No Sertão do Cariri, na Paraíba, o trabalho está sendo realizado pela Arribaçã. Já no Sertão do Araripe, em Pernambuco, as ONG’s Caatinga e Chapada assumiram conjuntamente as ações do projeto. As operações no Alto Sertão de Alagoas e no Alto Sertão de Sergipe estão a cargo do Instituto Palmas e do Centro Dom José Brandão de Castro, respectivamente.
Enquanto no Sertão do Pajeú (PE) e no Oeste Potiguar (RN), a Diaconia se encarrega pela implementação da tarefa, já que são territórios onde a organização já mantém escritórios e atividades.
Uma das principais atribuições dessas ONG’s é o fortalecimento dos OPAC’s, responsáveis pela certificação das culturas, contribuindo para a organização e autonomia das famílias agricultoras. Existem cinco OPAC’s formalizadas: Associação dos Produtores Agroecológicos do Semiárido Piauiense (APASPI/PI); Associação Agroecológica do Pajeú (ASAP/PE); Associação de Certificação Orgânica Participativa do Sertão do Apodi (ACOPASA/RN); Associação de Agricultores e Agricultoras Agroecológicos do Araripe (ECOARARIPE/PE) e Associação Agroecológica de Certificação Participativa do Cariri Paraibano (ACEPAC/PB). Em Sergipe e Alagoas, as ONG’s estão trabalhando na criação dos OPAC’s. Por enquanto, esses territórios estabelecerão relações com o OPAC da Serra da Capivara (PI).
A Embrapa Algodão está encarregada pelas pesquisas, condução das formações técnicas para as agricultoras e agricultores. A entidade está implantando uma Unidade de Aprendizagem e Pesquisas (UAP’s) em cada território para capacitar o público envolvido no cultivo do algodão, que servirão de referência para as formações. O objetivo da criação é aumentar a produtividade e desenvolver as tecnologias para poupar a mão de obra no plantio, manejo e colheita.
À Universidade Federal de Sergipe (UFS), caberá estudar meios de agregar valor às culturas, desde o tocante até o processamento dos produtos do consórcio (feijão, milho e gergelim). A universidade também está envolvida na formação do OPAC de Sergipe.
Fundo – para inserir a produção ao comércio justo e ao mercado de orgânicos, as famílias precisam ter uma infraestrutura adequada que garanta a qualidade dos produtos, além da certificação conferida pelos OPAC’s da Serra da Capivara, Sertão do Araripe e Alto Sertão Sergipano. Pensando nisso, o projeto criou o Fundo de Incentivo Produtivo e Ambiental (FIPA), uma ferramenta que irá permitir o enfrentamento das principais barreiras entre os OPAC’s e o concorrido mercado, a exemplo da infraestrutura para beneficiamento, logística, armazenamento e capital de giro. Além disso, a ferramenta também servirá de ponte para viabilizar a entrada qualificada dos produtos no mercado e superar as principais dificuldades, afim de evitar que a produção termine no mercado informal. O FIPA futuramente será suprido com recursos gerados a partir do Fundo de Incentivo à Autonomia Financeira (FIAF) que será alimentado pela doação de uma pequena fração da comercialização dos produtos com valor agregado pela certificação orgânica.
Produção - A produção do algodão agroecológico, durante esses dois anos de atuação já está com a venda garantida. As empresas Vert Shoes, da França, e a Organic Cotton Colours, da Espanha, ambas apoiando e incentivando a cultura do algodão orgânico e o mercado da moda sustentável no mundo, assinaram com os OPAC’s e cooperativas acordos que garantirão a compra do que for produzido no campo. A expectativa das famílias é produzir mais de 70 toneladas de pluma orgânica e em transição no primeiro ano de plantio.
Em números, o valor do quilo da pluma orgânica certificada sairá a R$ 12,57, enquanto a pluma em processo de certificação será comprada por R$ 11,43, ambas com os valores dos impostos (ICMS) já inclusos. Os OPAC’s ainda receberão um prêmio social no valor de R$ 1,00 por cada quilo vendido pelas famílias. O recurso será destinado para aquisição de insumos e equipamentos a serem usados coletivamente no âmbito de fortalecimento dos OPAC’s.
Gênero – Uma das linhas de atuação da Diaconia é promover a justiça de gênero. Dentro do conceito da equidade, o projeto tem a preocupação de desenvolver uma abordagem de gênero, onde mulheres e homens possam se envolver em qualquer tipo de atividade, principalmente no campo, como forma de atingir justiça social e diminuir as desigualdades. As mulheres camponesas têm menos acesso aos recursos produtivos, serviços e oportunidades como terra, créditos, assistência técnica e educação. Para enfrentar este cenário, as famílias cadastradas participarão de formação, em conjunto com os temas técnicos que acontecerão nas UAP’s, onde se debaterá sobre assuntos, como: equidade de gênero (contemplando o movimento de mulheres camponesas), a luta pela terra e reforma agrária, violências contra as mulheres e empoderamento.
Relação dos Organismos Participativos de Avaliação de Conformidade (OPAC’s) e Cooperativas
1) Associação dos Produtores Agroecológicos do Semiárido Piauiense (APASPI/PI);
2) Associação Agroecológica do Pajeú (ASAP/PE);
3) Associação de Certificação Orgânica Participativa do Sertão do Apodi (ACOPASA/RN);
4) Associação de Agricultores e Agricultoras Agroecológicos do Araripe (ECOARARIPE/PE);
5) Associação Agroecológica de Certificação Participativa do Cariri Paraibano (ACEPAC/PB)
6) Cooperaterra – Alto Sertão Sergipano;
7) Coopabacs – Alto Sertão Alagoano
Relação das ONG’s
A) Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato (PI);
B) Arribaçã (PB);
C) Caatinga (PE);
D) Chapada (PE);
E) Centro Dom José Brandão de Castro (SE);
F) Instituto Palmas (AL);
G) Diaconia (PE).
Diaconia - Organização social brasileira, de inspiração cristã e sem fins lucrativos, fundada em 1967. A ONG, que atua em quase toda Região Nordeste, tem como missão trabalhar para a efetivação de políticas públicas de promoção e defesa de direitos, priorizando populações de baixa renda, para a transformação da sociedade. A Diaconia trabalha em quatro linhas de atuação: Segurança Alimentar, Meio Ambiente e Clima, Justiça de Gênero e Direitos das Juventudes. A Sede da ONG é no Recife, mas a instituição possui unidades territoriais no Sertão do Pajeú (PE), Oeste Potiguar (RN) e Região Metropolitana de Fortaleza (CE).
Instituto C&A - O Instituto C&A atua na promoção de uma indústria da moda mais justa e sustentável no Brasil. Desde 2015, quando se integrou à C&A Foundation, a organização conta com um time global e passou a compartilhar as mesmas missão, visão e estratégias para transformar a moda numa força para o bem, focando suas ações em cinco áreas: Incentivo ao Algodão Sustentável, Melhores Condições de Trabalho, Combate ao Trabalho Forçado e ao Trabalho Infantil, Moda Circular e Fortalecimento de Comunidades. A instituição oferece suporte técnico e financeiro e atua em rede para permitir que organizações sociais, marcas e outros agentes de transformação construam uma indústria da moda mais responsável.
Saiba mais em: www.institutocea.org.br
Redação EC
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