Publicado por Redação em Notícia, Atualidade, Banner - 29/11/2016 às 10:42:25

Para celebrar o Natal de acordo com o calendário cristão

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O Calendário Litúrgico, ou Ano Litúrgico, não é uma ideia, mas uma pessoa: Jesus Cristo e o Seu mistério realizado no tempo, que hoje a Igreja celebra sacramentalmente como memória, presença e profecia (cf. Dicionário de Liturgia. São Paulo: Paulinas, 1992, p. 58).

O Ano Litúrgico se baseia, portanto, na história da salvação, cujo centro irradiador é o mistério pascal e a união em Cristo. Esse evento histórico é celebrado como memorial litúrgico, que atualiza a mensagem da salvação e desafia a comunidade de fé na direção da consumação do Reino de Deus.

Os 4 grandes ciclos do calendário Cristão


Ao longo dos séculos, convencionou-se uma estrutura para o Ano Cristão que se organiza em quatro grandes ciclos: Natal, Primeiro Tempo Comum, Páscoa e um Segundo Tempo Comum. Esses ciclos subdividem-se, por sua vez, em tempos específicos. Nesta edição publicaremos apenas o Ciclo do Natal.

Ciclo do Natal


O Ciclo do Natal corresponde a quatro tempos litúrgicos do calendário cristão, a saber: Advento, Natal, Epifania e Batismo do Senhor. Esse ciclo tem início quatro domingos antes do Natal e se estende até o Batismo do Senhor.

 

a) Advento
O Advento é o tempo que marca o início do calendário litúrgico cristão. Sua origem é documentada a partir do século IV a.C. Semelhante à preparação da Páscoa, expiação de Cristo, o Advento surge como preparação para o nascimento de Jesus, o Natal. Advento, do latim adventus, significa "vinda", "espera". Trata-se de uma celebração cujo foco é a expectativa da vinda do Messias, o Cristo prometido.

Nesse período, celebra-se a espera do Messias e pode ser dividido em duas partes: os dois primeiros domingos enfatizam o Advento Escatológico; o terceiro e o quarto domingos, a Preparação do Natal de Cristo. Dessa forma, o Advento tem a dimensão da expectativa da segunda vinda de Cristo, bem como a expectativa da chegada do Messias que concretiza o Reino, o "já" e o "ainda não", que significam viver à espera do cumprimento das promessas e renovar a esperança no reino que virá.

A espiritualidade do Advento é marcada pela esperança e pelo aguardo do Messias prometido; a fé na concretização da promessa; o amor que se demonstra com a chegada do Messias e a paz por Ele anunciada e plenificada.

b) Natal
O segundo tempo litúrgico desse ciclo é o Natal. Essa celebração teve sua origem em mea­dos do século IV d.C., entretanto, sua aceitação como festa cristã ocorreu no século VI d.C. O Natal surgiu com a finalidade de afastar os fiéis da festa pagã do natalis solis invictus ("deus sol invencível") e passou a significar a chegada do Messias, o "sol da justiça" (cf. Ml 4.2), já anunciado e aguardado no Advento.

Natal, na acepção da palavra, significa "nascimento", entretanto, para as/os cristãs/aos, a partir do século IV d.C., esse significado é ainda mais profundo, pois, com o nascimento de Cristo, celebra-se "o Verbo que se fez carne e habitou entre nós", o Deus infinitamente rico se faz servo e habita entre os/as despossuídos/as da terra. É esse Verbo que atrai para Si toda a criação, a fim de reintegrá-la ao projeto salvífico de Deus. A espiritualidade desse período enfatiza a humanidade de Cristo e a salvação que n’Ele é absoluta.

c) Epifania
O terceiro tempo desse ciclo é a Epifania, que surgiu no Oriente como festa da manifestação do Cristo encarnado. Somente a partir do século IV d.C. passou para o Ocidente, a fim de rememorar a visita dos reis magos ao Messias que havia chegado. Epifania, do grego Thifimeia, significa “manifestação”, “aparição”. Antes de tornar-se um termo utilizado pelos/as cristãos/ãs, significava a chegada de um rei ou imperador. A partir de Cristo, tem a conotação de manifestação do divino ao mundo, que no Antigo Testamento era expressa pelo termo “teofania”.

Esse tempo celebra a manifestação de Cristo aos seres humanos no momento em que os reis do Oriente seguiram a estrela em busca daquele que viria a ser o Salvador por excelência. A Epifania é para o Natal o que o Pentecostes é para a Páscoa, isto é, desenvolvimento e permanência do ato de Cristo em favor da humanidade. A espiritualidade desse período é caracterizada pela manifestação e aparição de Cristo ao mundo. É o Cristo prometido que se torna uma realidade na vida de mulheres e homens que procuram a paz, a justiça e o amor.

d) Batismo do Senhor
O Batismo do Senhor é celebrado no primeiro domingo após a Epifania e representa o início da missão de Jesus no mundo. Esse tempo é parte da manifestação de Jesus aos seres humanos, por isso, trata-se de uma continuidade da Epifania. Diferenciando-se pelo fato de que, na Epifania, é o ser humano (representado pelos magos) que vai a Cristo, ao passo que, no Batismo do Senhor, é Deus (por meio de Jesus Cristo) que vem até o ser humano, a fim de cumprir Sua missão. Por isso, a espiritualidade desse dia é marcada pela missão iniciada por Jesus em prol dos/as menos favorecidos/as e dos/as injustiçados/as. Com o Batismo do Senhor termina o Ciclo do Natal, dando-se início ao Tempo Comum ou Tempo após Epifania.

Sugerimos os seguintes símbolos para ambientação litúrgica durante o Ciclo do Natal:

Símbolos para o Advento


Coroa do Advento: simboliza a realeza de Cristo;
Velas: simbolizam a chegada de Cristo como luz do mundo;
Luzes: símbolo da luz que ilumina as trevas, o próprio Cristo.

Símbolos para o Natal


Anjos: simbolizam aqueles/as que anunciam o nascimento de Jesus;
Crianças: simbolizam a festa da chegada do menino Jesus;
Sinos: simbolizam o anúncio festivo da chegada do Messias;
Presépio: simboliza o local do nascimento de Cristo.

 

Símbolos para a Epifania e Batismo do Senhor


Coroa dos Magos: simboliza a procura pelo Cristo prometido;
Estrela: simboliza a luz que aparece no horizonte para a chegada de um novo tempo;
Mãos: símbolo da força de Deus e Sua providência a toda a criação;
Presentes: além do presente maior dado à humanidade, Cristo, simbolizam também os presentes dados pelos magos.

Cores


No Advento, usa-se o roxo, o lilás e o rosa. O roxo significa contrição, daí a matização das cores no sentido de ir clareando conforme a chegada do Natal. O rosa, geralmente, é usado no quarto domingo do Advento, que simboliza a alegria.
Para o Natal, utilizam-se as cores: branco e/ou amarelo, símbolos da divindade, da luz, da glória, da alegria e da vitória que o nascimento de Cristo representa para a humanidade.

Escrito por Rev. Luiz Carlos Ramos com coautoria do Rev. Luciano José de Lima (in memorian) e da Revda. Suely Xavier dos Santos
Publicado originalmente no Jornal Expositor Cristão impresso de dezembro

 

Leia também: Advento, tempo de ler e ensinar a Bíblia

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