Publicado por José Geraldo Magalhães Jr. em Opinião, Episcopal, Liderança - 29/01/2019 às 10:19:32

Palavra Episcopal: Santuários no Brasil

Todo novo dia é também um novo ano. Sob que perspectiva? Sob a de que um novo ano se faz do somatório de sequência de um novo dia. Os dias fazem os anos, portanto são constantes oportunidades de prosseguimento e/ou de recomeço. Por conseguinte, cada novo amanhecer será sempre sinal do amor de Deus por nós, que se renova a cada dia. Sendo assim, diariamente podemos esperar (esperança) que a humanidade seja alcançada pelas boas-novas de salvação. E cada pessoa alcançada passa a ser discípula de Cristo, gerando muita alegria no céu.

I. “… EDIFIQUEI UMA CASA…”  – 1 Rs 8.1-21
Um dos anseios do povo de Deus, nos tempos de Davi e Salomão, era a construção de um local para adoração. O rei Davi sentiu-se animado a construir um santuário, mas Deus disse a ele que não o fizesse. Davi ouviu ao Senhor e abdicou dessa intenção. Só com Salomão, filho de Davi, é que o templo foi construído. Cada detalhe do templo, cada aparato, cada cortina, cada móvel e compartimento foram especificados por Deus e seguidos pelos construtores. Ao término da construção a alegria foi grande. A população sentia-se fortalecida, por sentir-se segura no seu relacionamento com Deus. Afinal, segundo pensava, Deus agora estaria num local específico, em endereço certo, no Santo dos Santos (local privativo aos/às sacerdotes/isas, onde Deus se revelava a eles/as, transmitindo-lhes Sua vontade) e aben­çoando a todos/as. A população, para sua espiritualidade, dependia diretamente dos/as sacerdotes/isas, já que Deus falava especificamente a eles/as. Assim o povo se organizou religiosamente. Entretanto, essa espiritualidade permitia a dicotomia entre o profano e o sagrado, ou seja, possibilitava que o serviço a Deus se desse nos limites do templo, e não no dia a dia. O resultado não poderia ser outro: mesmo cumprindo muitos preceitos da lei, voltados ao templo, ainda assim não conseguiam ser santuá­rios vivos do Deus Vivo. Edificou-se uma casa ao Senhor, mas não se edificou um povo cuja prática de fé revelasse o amor de Deus. 

II. SANTUÁRIOS HABITADOS PELO ESPÍRITO – 1 Co 3.16
Todos/as sabemos qual foi a providência tomada por Deus (principalmente porque celebramos o nascimento de Jesus há poucos dias). Decididamente, por puro amor, Deus decide cumprir Ele mesmo o Seu desejo: reaver a amizade com o mundo que Ele criara (Cl 1). O templo não lhe cabia (nunca coubera, na verdade). Era preciso alcançar todo o mundo criado. Deus, então, vem como homem e, ao mesmo tempo, como santuário ambulante pleno. E a única razão é exatamente AMOR ÀS VIDAS. Deus maravilhoso!

Afirma a Bíblia que cada pessoa alcançada por Jesus torna-se uma nova criatura. Ela se dá conta da relação entre o Deus Criador e a humanidade. Caem-lhe as escamas dos olhos e enxerga o propósito divino para nossa vida neste planeta. 

Esta nova visão gera mudança de mente, de coração e de alma. O primeiro amor por Jesus manifesta-se grandemente nessas novas criaturas. Atraídos/as pelo poder do evangelho da cruz, abnegam-se do fruto da carne e anseiam pelo fruto do Espírito. Suas vidas são a própria Igreja onde quer que tais pessoas estejam. São, afinal, aquilo que a Bíblia diz: santuários de Deus (1 Co 3.10-17) movendo-se por toda a terra. A vida de fé não se limita aos templos: “… o mundo é a paróquia” das discípulas e dos discípulos. 

Jesus, o próprio Deus, mostra o que é crer e o que é viver a fé. Ele é a Nova Aliança de Deus com o mundo caído. Agora sim: em Cristo se constrói um novo santuário (discípulas e discípulos) habitado pelo Espírito Santo. 

III. SANTUÁRIOS NO BRASIL
Ano novo, realidade nem tanto nova. Ano novo e renovos. Ano novo e tempo de novo governo. Ano novo e clamores do Brasil: honestidade, pão para todos/as, moradia decente, ruas iluminadas, direito cidadão garantido, segurança ao andar pelas ruas, escolas para todos/as, redução de atos de violência (seja ela moral, de gênero, religiosa, patrimonial etc.). Diante desses grandes desafios, que são sinais visíveis do distanciamento de Deus, o Senhor nos envia como SANTUÁRIOS HABITADOS PELO ESPÍRITO SANTO. Esses santuários precisam andar como Jesus andou, amar como Jesus amou, perdoar como Jesus perdoou, amar os/as doentes (seja de alma, do físico, do moral, da ética, da religiosidade etc.) como Jesus os/as amou. Enfim, ser santuário de Deus tal como Jesus o foi. Que facilitemos a visibilidade da Luz que está em nós. Só assim o novo ano será realmente novo para o nosso Brasil e para o mundo em que vivemos.

Publicado na edição de fevereiro de 2019 do Jornal Expositor Cristão impresso.


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