Publicado por José Geraldo Magalhães Jr. em Notícias, Notícia, Metodismo, Episcopal, Liderança - 03/05/2019 às 10:22:11

Palavra Episcopal: A preciosidade do ser humano e seus desafios

Nada como ter em mãos a fonte que revela a origem de princípios estabelecidos por Deus e de ações do Criador que definem os seus propósitos existenciais. Deus é o criador de todas as coisas, inclusive do ser humano, não podemos nos esquecer dessa verdade absoluta. A história bíblica sempre foi alvo de críticas e perseguições, visando ou à sua deturpação ou à sua extinção. É complicado quando vemos o povo de Israel deixando que o texto sagrado se perca e seja esquecido em algum templo ou palácio, a exemplo do que ocorreu no reinado do Rei Josias, que no caso encontrou o que se havia perdido e restaurou a Palavra de Deus na vida do povo. 

Na história da Igreja pós-Novo Testamento, vemos teólogos/as heréticos/as deturpando a Bíblia, e denominações segregando seu ensino ao clero e omitindo seus princípios ao rebanho de Deus sob seus cuidados. Vemos movimentos até de avivamentos e denominações buscando exclusividade da revelação e agindo como se fossem os únicos depositários do conteúdo bíblico, em relação aos demais. O que não existe, pois a Palavra de Deus é de Deus e Deus a usa para cumprir seus propósitos. É muita responsabilidade ter de zelar pelas Escrituras Sagradas, e o autor de Apocalipse aconselha a não alterar uma vírgula de seu conteúdo, muito menos pervertê-la para alcançar segmentos humanos que não conseguem se submeter aos princípios bíblicos estabelecidos pelo seu Autor.

Quero destacar um assunto no texto Gênesis, Capítulo 1.26-31 – o Ser Humano, a família. Não entramos no mérito de onde e como Deus criou, neste aspecto a ciência pode elucidar alguns detalhes, já que a Bíblia não tem a intenção de detalhar. E por mais que a ciência explique não poderá fugir do fato em si, fomos criados por Deus, macho e fêmea nos fez. 

Quando perguntamos ao texto para que Deus criou todas as coisas e em especial a humanidade, não há espaço para divagações; foi para ter comunhão com Ele, se relacionar com Ele e com sua criação. Deus cuida de toda a sua criação, mas criou o ser humano diferente dos animais exatamente para ter comunhão com Ele, por isso os criou à sua imagem e semelhança. Obviamente que Deus não é igual ao ser humano, mas ambos possuem uma ligação direta com valores e princípios que são comuns e que se conectam em amor e graça, santidade e justiça, alegria e paz, relacionamento prazeroso e completo, por isso se encontravam diariamente no jardim.

Agostinho disse: “Nos criastes para ti, e nosso coração está inquieto até que descanse a ti”. “Um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos” (Efésios 4.6). Portanto, foi Deus que nos fez e só conseguiremos funcionar bem caminhando de acordo com seus propósitos.

Todos os seres humanos são alvo do amor de Deus e são preciosos para Ele, ninguém tem o direito de querer ser maior que Deus, fazendo acepção de pessoas, tratando mal o próximo, seja quem for, porque Ele não o faz. Portanto, apesar de todos/as serem alvo do amor de Deus, nem todos/as o reconhecem como Criador e Redentor de sua vida, em face da sua realidade pecaminosa.
O relacionamento com o Criador está intimamente ligado ao relacionamento com as outras pessoas. Um relacionamento está ligado a outro, não tem como separar. Deus fez os seres humanos, mas não os fez iguais. Somos diferentes. Homem é diferente de mulher em muitos aspectos. Deus projetou um modelo completo e perfeito, homem e mulher os criou. São diferentes, cada um tem um corpo distinto, uma personalidade diferente, funções diferentes, dons diferentes, e é na união dessas duas vidas, estabelecida por Deus, que reside também a imagem do Criador.

A bênção de Deus está na união do macho com a fêmea, Deus abençoa esta união e na bênção está a ordem de multiplicação. Portanto, é vontade de Deus que haja casamento entre um e outro, para que possa haver multiplicação da humanidade. Se não fosse este fato na criação, não seríamos hoje 7 bilhões de pes­soas no mundo. Já há países que pararam de se multiplicar e sua população está envelhecendo, assim novas gerações não estão surgindo. É a ordem natural estabelecida pelo Criador; quando o ser humano muda isso, as complicações surgem com certeza. Lamento ter de dizer isso, e o faço com respeito ao ser humano em sua realidade e natureza corrompida, biblicamente falando, mas o mal da confusão de gênero e da homossexualidade caminha na contramão do estabelecido pelo Criador e pela própria natureza humana. 

“Então disse Deus: ‘Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda 
a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão…’” (Gn 1.26-31)

Faço essa citação pela conexão que o tema faz com o texto lido e pela clareza bíblica do projeto de família estabelecido por Deus na Bíblia Sagrada. Nenhuma denominação, nenhum/a teólogo/a, nenhum/a cientista, nenhuma nação, nenhum governo, nenhuma constituição tem condições de alterar as leis imutáveis do Criador, por mais que se esforcem. As instituições humanas regulam a sociedade para garantir direitos e deveres iguais, sem entrar no mérito bíblico de valores, por isso são civis e seculares, não bíblicos e teológicos.

Os governos humanos devem governar para todos/as indistintamente e deve garantir direitos a todos/as os/as cidadãos/ãs; também a Igreja e qualquer outro segmento precisam entender as realidades humanas de cada pessoa, suas escolhas pessoais, sendo certas ou erradas. 

A Igreja Metodista não está isenta de tais realidades, e em alguns lugares e espaços ela tem buscado desenvolver manipulação da Bíblia para justificar práticas condenáveis pelo Criador, nesta área e em outras da vida humana, como poligamia, adultério, corrupção etc.

Não podemos mutilar o Evangelho nem a Bíblia para tentar agregar membros para nossas igrejas locais. Mais importante que meros números de discípulos/as professos/as é a qualidade de seu discipulado, o que consegue manter os padrões e valores de Cristo sem comprometê-los está no caminho certo. Também prestaremos contas de nossas decisões e escolhas enquanto Igreja que somos diante do Criador.

Deus espera que todo ser humano cumpra o propósito de sua existência, relacionando-se com Ele, hoje, por meio de Jesus Cristo, que veio para salvar e libertar o ser humano de todas as suas mazelas, seus pecados, suas culpas, seus fracassos, suas corrupções, suas maldades, seus egoísmos, suas deturpações sexuais, morais, éticas etc.

Cabe à Igreja de Jesus Cristo viver, praticar, defender os valores da Palavra de Deus, mesmo em meio às perseguições, proibições que têm vindo sobre ela, por meio de governos de nações, de segmentos da sociedade e da própria Igreja, que se encontram cegos, surdos e mudos em relação às doutrinas e valores estabelecidos pelo Criador. Quando o Filho de Deus voltar à Terra, porventura encontrará fé? 

Bispo Adonias Pereira do Lago

Presidente da 5ª Região Eclesiástica

Publicado originalmente na edição de maio de 2019


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