Publicado por Redação em Metodismo, Episcopal - 03/06/2016 às 17:37:53
Os desafios de uma Igreja Urbana
O texto acima diz que Jesus Cristo percorria cidades e povoados. Em seu tempo, a realidade rural predominava como modo de vida, bem diferente da realidade em nossos dias. Aliás, em muitos sentidos, a maneira de viver era diferenciada em seus aspectos sociais, educacionais, científicos, culturais, econômicos e políticos. Voltando ao nosso tempo, nossas cidades acolhem cerca de 70% a 85% das pessoas, sendo que as demais estão na zona rural – esse índice varia um pouco dependendo das estatísticas. Como Igreja Metodista, estamos inseridos/as no contexto urbano em maior proporção, embora não negligenciemos as igrejas pertencentes à área rural, com todas as suas demandas e desafios.
Algumas realidades apontadas no texto se destacam de uma maneira bastante pertinente pelo desafio a ser enfrentado pela igreja hoje. Quando pensamos em cidades e povoado, já temos desafios enormes como: educação, enfermidades e doenças, problemas emocionais, injustiças sociais e familiares, desemprego, drogas, crises econômicas e políticas, pessoas perdidas e sem direção, etc.
Em face de tais realidades, a Igreja deve promover o ensino que transforma; anunciar as boas-novas que geram esperança; ajudar no combate às enfermidades e doenças; auxiliar as pessoas em suas aflições; atuar junto às famílias desamparadas pelas injustiças sociais e familiares; praticar o cuidado, dando direção e amor aos/às perdidos/as e sem pastor/a; arregimentar muitos/as trabalhadores/as para o serviço ministerial e missionário; clamar ao Senhor da vida e da história por socorro e auxílio em todo o tempo.
Pensando no desafio urbano em si, gostaria de propor uma reflexão a partir da palavra compaixão, encontrada no verso 36: “Teve compaixão delas”. Na minha ótica, essa expressão de Jesus seria como uma alavanca para toda e qualquer ação ministerial que pessoas e Igreja desejam ter em sua caminhada missionária. O que movia o coração de Jesus deve mover o coração da Igreja hoje, em especial diante das multidões que vivem nas cidades de nosso país.
Definiria essa compaixão, a partir da vida e ministério de Jesus, como sendo um amor sem limites pelas pessoas, tão forte que não se consegue ficar inerte diante dos desafios, conflitos, enfermidades e dores que as pessoas enfrentam em seus corações e realidades familiares e sociais.
Jesus Cristo, em Marcos 6.34-44, alimenta o povo; em Marcos 10.46-52, mostra sua compaixão pelo cego Bartimeu e o cura; em Mateus 8.28-34, Jesus cura e liberta os/as endemoniados/as gadarenos/as. Também cura a Cananeia, os/as leprosos/as, os/as cegos/as, os/as aleijados/as, a viúva, a samaritana, e condena a injustiça, o amor ao dinheiro, o adultério, a vingança, os julgamentos, a hipocrisia, como encontramos no livro de Mateus.
Concluo com algumas considerações sobre a compaixão de Jesus e a que devemos ter em nossa missão urbana hoje: A) Conhecer sobre Jesus é diferente de se apaixonar por Jesus, quando se pensa em ser frutífero/a e relevante diante de Deus e na vida das pessoas. B) A compaixão leva à doação de si mesmo/a a favor da missão, seja ela local, regional, seja mundial (cidades e povoados - v. 35a). C) A compaixão me aproxima das pessoas, com exemplo de vida, discipulado e cura (ensina, prega e cura - v. 35b). D) Compaixão por vidas significa investir a vida no fazer discípulos/as, intencionalmente. Jesus convida as pessoas para serem discípulas (Mt 10.1). E) Quem tem compaixão não se complica com as circunstâncias. Jesus vivia sua missão junto a circunstâncias simples da vida, à beira-mar, na montanha, na beira do poço, nos lares. Assim devemos ser também.
Creio que, como seguidores/as de Jesus, precisamos ter coração apaixonado e amoroso como o de Jesus. Ter presença missionária e pastoral na vida das pessoas, com obediência e submissão. Ter atitude de serviço e discipulado. Ter o coração cheio do Espírito Santo como em Pentecostes e o coração aquecido.
Os desafios urbanos aguardam com expectativa a manifestação dos/as filhos/as de Deus, dos/as discípulos/as que já estão nos caminhos da missão, nas ruas e bairros das cidades, amando as pessoas, dando direção em Cristo, curando suas feridas, anunciando boas-novas, ensinando novos caminhos de vida e paz, vivendo o discipulado como estilo de vida para a glória de Deus.
Em oração por vocês, orando por todos/as e pelos desafios de nossas pequenas e grandes cidades.