Publicado por Redação em Notícias - 05/03/2018 às 14:24:08

Orar e trabalhar pela paz na cidade!


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Fuzileiros Navais participam de operação na favela Kelson's, zona norte do Rio. | Foto: Fernando Frazão - Agência Brasil
 

“E o fruto da justiça será a paz! A prática da justiça resultará em tranquilidade e segurança eterna” (Is 32.17)

Entendemos que decretar a intervenção federal na área de segurança pública no Estado do Rio de Janeiro lamentavelmente é mero show de pirotecnia, como afirmou a professora Jaqueline Muniz do departamento de Segurança Pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Uma tentativa de aplacar o clamor público com ações com pouca ou nenhuma efetividade na onda de violência que vem de longo tempo no Rio.

Na verdade vivemos uma onda de violência e homicídios há alguns anos e em vários estados do Brasil, em especial nas cidades do Nordeste, como em Fortaleza, que em um único final de semana foram assassinadas quase 30 pessoas. A grande maioria era jovens pobres da periferia. A medida de intervenção adotada pelo governo federal nos parece com pouca efetividade e, segundo vários especialistas em segurança pública, não atinge as causas reais do problema da violência. 

Alguns pontos que gostaria de destacar sobre este tema:

  • Com a lei que transferiu para o Tribunal Militar o julgamento de crimes cometidos por militares contra civis, durante a intervenção no Rio, violações de direitos humanos serão analisadas sem a devida imparcialidade e independência, agravando o quadro de impunidade. 
  • Na Rocinha, em setembro de 2017, houve aparato militar envolvendo 950 soldados e não houve mudança alguma. Na prática, a intervenção legitima os abusos e a violação que são recorrentes dentro das comunidades pobres do Rio.
     
  • A ocupação da Favela da Maré, por exemplo, custou 600 milhões de reais e transformou a Maré em um lugar muito mais perigoso para seus/as moradores/as do que antes. 
     
  • O México foi o principal país da região a utilizar as Forças Armadas em larga escala na segurança pública, sem haver uma guerra civil. O resultado foi o fortalecimento das organizações criminosas, o aumento dos homicídios e a expansão da corrupção entre os/as militares. 
     
  • Para finalizar, no mundo inteiro, intervenção das forças armadas na segurança gera organizações criminosas mais violentas e militares mais corruptos/as. No Brasil isso não é diferente. 

Como o profeta Isaías, acreditamos que a paz só virá com a eliminação do fosso que separa brasileiros/as ricos/as e pobres (somos um dos países mais desiguais do mundo). Nossos/as jovens das periferias não têm oportunidades de educação de qualidade e de trabalho digno. Estes/as acabam sendo assassinados/as de forma seletiva por serem negros/as, pobres e das periferias.

Por todo o exposto acima cremos que o momento é de tomada de posição em favor da vida, em especial daqueles e daquelas que serão fatalmente atingidos/as por esta intervenção feita às pressas e claramente por interesses não revelados. Como igreja e seguidores/as do Jesus de Nazaré que veio para nos dar vida e está em abundância, não podemos nos calar. 

Pr. Welinton Pereira | Pastoral de DH da Igreja Metodista
Publicado originalmente no Jornal EC de março de 2018. Acesse aqui.


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