Publicado por Redação em Liderança, Metodismo, Reflexão, Banner, Opinião - 30/03/2017 às 17:54:31

“Odres novos”

odres
O Odre (imagem ao lado) é como se chama um antigo recipiente feito de pele de animal, geralmente de cabra, usado para o transporte de líquidos, como água, azeite, leite e vinho.



Nos textos de Mateus 9.17; Marcos 2.22 e Lucas 5.37-39; e na sequên­cia do questionamento dos Fariseus sobre o jejum dos seus discípulos, Jesus conta uma parábola em que fala sobre o vinho novo em odres novos. Ele explica que se o vinho novo é posto em odres velhos, os odres se romperão e estragarão, e o vinho se perderá.

Conta-se que por volta de 1618, o teólogo Holandês Gisbertus Voetius cunhou a frase em latim “Ecclesia Reformada et Semper Reformanda est”, que significa: “Igreja Reformada Está Sempre se Reformando”. A frase contempla a necessidade relatada por Jesus na parábola citada, de se ter “odres novos” para receber e manter o vinho novo de Deus.

Uma “Igreja Missionária a Serviço do Povo”, sincera numa sociedade em constante transformação, exige “vinho novo” e, consequentemente, “odres novos” sempre, se quisermos ser relevantes e efetivos/as em nossa ação missionária e pastoral. Gostaríamos de pontuar aqui algumas coisas que percebemos no texto de Lucas 5.37-39 e que pode nos orientar nessa tarefa.

1. “Odres Novos” tem a ver com novas formas, reformando formas, não com o abandono da essência. Se quisermos receber e guardar o Novo de Deus temos que ter clareza do que é forma e do que é essência. A confusão sobre isso pode nos descaracterizar, nos fazer abandonar a essência, o que prejudicará nossa identidade e tradição Metodista e consequentemente Missão; mas também pode nos fazer classificarmos formas como tradição e parte de nossa identidade, o que nos tornará irrelevantes como agentes da Missão de Deus no tempo presente. Precisamos ter clareza do que nos é essencial como Metodistas para que possamos mudar a forma mantendo a tradição wesleyana de ganhar almas e espalhar a Santidade Bíblica por toda a terra.

2. Tempos diferentes exigem “odres novos”. Na composição do exército do rei Davi, o texto de 1 Crônicas 12.32 diz que os filhos de Issacar enviaram duzentos chefes, conhecedores de sua época, para que Israel soubesse o que devia fazer. Precisamos identificar os “descendentes” de Issacar no nosso meio, os/as Metodistas conhecedores/as de sua época que nos ajudem a construir “odres novos” que promovam uma ação Missionária abençoadora e frutífera. Uma ação que promove a vida, saúde e crescimento. Uma ação que una qualidade à quantidade. Temos que eliminar frases como “o que queremos é qualidade, não quantidade”, como se os dois fossem excludentes. Reconhecemos que nem sempre quantidade é sinal de qualidade, mas qualidade verdadeira e bíblica atrai pessoas e gera quantidade. Precisamos de “odres novos” que nos ajudem a manter a qualidade, o “vinho novo”, enquanto o crescimento em quantidade também acontece. Os dois são alvos de nossa intercessão e desejo: Muitos discípulos e discípulas que aprendem e praticam o que o Senhor Jesus ensinou.

3. Temos que lembrar o que Jesus falou em Lucas 5.39, que o velho é excelente. Temos que ter espaço para o novo em nosso meio sem desrespeitar ou desonrar o que já foi feito; sem o rompimento com a nossa história e raízes. Se desprezarmos, desonrarmos ou desrespeitarmos o “velho”, a herança que recebemos de gerações de cristãos/ãs metodistas fiéis, comprometidos/as e dedicados/as do passado, perderemos essa herança e Deus não poderá fazer novas coisas; Ele precisará fazer de Novo e não o Novo.
Repito uma frase que ouvi de um Pastor que disse que nós recebemos a unção que nós respeitamos, gostaria que todos e todas os/as Metodistas pudessem receber porção dobrada do espírito que estava em Wesley e sobre a linha de esplendor sem fim de Metodistas Consagrados e Consagradas, fiéis e dedicadas que nos antecederam.

Para isso, precisaremos construir “odres novos”, mas lembrando sempre que o “vinho velho” é excelente; que o essencial preservado e transmitido pelas gerações de Metodistas do passado precisa ser honrado e respeitado.

Como Bispo eleito no último Concílio Geral, quero manter o legado que me foi transmitido, respeitando e honrando meus antecessores para não desperdiçar a herança que recebi, mas desejo e anseio que as ovelhas da Região que presido, bem como seu corpo pastoral, experimentem o Novo de Deus, tenham forças, ânimo, alegria e unção renovada e sejam aperfeiçoados e aperfeiçoadas por Deus para cumprirem seu propósito e servirem ao Senhor na sua geração.

Que nesse tempo novo, Deus continue nos dando graça e abençoando.

Bispo Emanuel Adriano | Siqueira da Silva
Igreja Metodista 7ª Região Eclesiástica

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