Publicado por Redação em Metodismo, Notícia, Nacional - 06/09/2017 às 11:33:46

O avanço missionário do metodismo na 7ª Região Eclesiástica

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A proposta de multiplicação das 1ª e 7ª Regiões Eclesiásticas (RE) foi apresentada no 41º Concílio Regional Ordinário da 1ª Região Eclesiástica, sob a presidência do Bispo Paulo Lockmann, que a divulgou na 3ª Sessão, em 9 de novembro de 2013. A proposta destacou o crescimento da 1ª RE como fator significativo na multiplicação para a criação da 7ª RE, tendo como expectativa: “o avanço missionário da Igreja e a potencialização da Visão que o Senhor nos concedeu” (vide p. 65 das Atas e Documentos do 41º Concílio Regional).

É bom lembrar que a multiplicação das Regiões Eclesiásticas faz parte do Plano Nacional Missionário aprovado no 19º Concílio Geral e referendado no 20º Concílio, com vistas a termos uma RE em cada estado de nosso país. A partir de 2014, a 7ª RE passou a funcionar como tal após a aprovação da Cogeam e do Colégio Episcopal, com a seguinte composição geográfica: Distritos de Niterói, São Gonçalo, Itaocara, Santo Antônio de Pádua, Cabo Frio, Macaé, Três Rios, Petrópolis e Teresópolis, com um total de 52.778 membros e com a arrecadação de 47% do total da 1ª Região Eclesiástica (Atas e Documentos 41º CR, p. 67, 2013).

O Revdo. Odilon Massolar, em seu livro “Um século e meio sob o Deus de Deus”, diz que o protestantismo entrou no país a partir de 1810 por permissão do Imperador D. João VI, quando foi decretado o Tratado de Livre Comércio com a Inglaterra. Essa foi uma das condições que favoreceram a presença do protestantismo e por conseguinte o Movimento Metodista no Brasil (ODILON, 1989).

Podemos entender que esta abertura possibilitou, em cada lugar da RE, surgir o movimento metodista chegando de modo peculiar e desafiador, superando as dificuldades, fossem elas oriundas dos transportes, fossem outras, mas os/as primeiros/as metodistas chegaram às diversas áreas geográficas missionárias, buscando de modo criativo, perseverando o evangelho e alcançando o maior número de pessoas (cf. Mc 2.1-12).

Teresópolis

Nas terras serranas de Teresópolis/RJ, com o avanço missionário, cuja estratégia deu-se a partir da doação de terras por parte do Imperador, alguns/as suíços/as vieram povoar a região que hoje é chamada de Teresópolis. Foi assim que chegou o movimento metodista. Em 1828, o pastor Robert Walsh veio à serra de Teresópolis. Não foi diferente para os/as metodistas quando da visita do pastor Metodista Daniel P. Kidder no período de 1837-1840, vindo ao encontro do povo da serra de Teresópolis (ODILON, 1989).

O metodismo alcançou 58 cidades do estado do Rio de Janeiro, cada uma delas com sua peculiaridade. Nesses 150 anos de história do metodismo brasileiro, destaca-se a presença do pastor José de Mello na serra de Teresópolis, em julho de 1897. Ele recebeu, à Comunhão da Igreja de Cristo, os/as primeiros/as metodistas nesta área serrana do estado (cf. Mt 10.32-33; 16.18-19): Henrique Pfister, Luiza Pfister, Luiza Pfister (filha), Elisa Dumard, Carlos Dumard e André Gueldi. Dois anos mais tarde é o pastor Metodista Herman Gartner que chega, em 12 de junho de 1899. Ele recebe as famílias: Francisco Antônio Féo, Maria Madalena Féo, Maria dos Anjos Teixeira e Tereza Maria Freitas (ODILON, 1989). Essas famílias mantiveram acesa a chama do metodismo brasileiro, sendo mentoreadas pelo Pastor Edmund A. Tilly, o qual supervisionava o trabalho missionário na Colônia Alpina. Em seu relatório diz: “que havia progresso no processo de formação da Comunidade Metodista nesta Colônia e assim o novo campo em Teresópolis é muito promissor” (ODILON, 1989). A Comunidade Metodista estava vivendo o vento do Espírito.
O pastor J. E. Tavares, em 28 de setembro de 1903, batizou: Alexandre, filho de Luís e Elisa Dumard – Colônia Alpina; Eunice de Francisco e Madalena Féo – Teresópolis. Na Família Dumard foram batizados/a: Emília – 1905, Louis – 1909, e Henri – 1909. Assim como no restante de nossa Região Ecle­siástica, as famílias vão se constituindo, avançando e expandindo o Movimento Metodista. Em 1931, Henrique e Argentina Dumard casam-se e, como nova família, fazem de sua residência em Sobradinho uma nova frente missionária.

Passado

Apesar de Teresópolis ser de difícil acesso em seu início, o trabalho missionário continuava avançando. O transporte era feito de barca a vapor do porto do Rio de Janeiro, com duração de três horas de viagem, até o porto de Piedade, na baixada. Ao chegar a esse ponto, a viagem era feita de mula por mais três horas, até a Raiz da Serra, em Guapimirim. Havia uma parada e depois seguiam mais três horas de mula subindo a serra. Mesmo com toda a duração da viagem, isso não foi impeditivo para o acompanhamento pastoral dessas famílias, bem como o avanço da Missão, sem perder a continuidade do Movimento Metodista. Uma peculiaridade interessante era que quando da visita do pastor, Francisco Féo era avisado por carta ou por telegrama, eles iam a cavalo até Itaipava, levando um a mais para buscarem-no. No retorno o levavam até Pedro do Rio, e de lá ele continuava sua viagem de trem.

O missionário Messias Cesário dos Santos, para pregar o Evangelho nas terras serranas de Teresópolis, montava num burro emprestado por Francisco Féo, viajava 24 quilômetros para ir à Colônia Alpina, e ali pregava a Palavra de Deus, na casa de Luís e Elisa Dumard.

Presente

Hoje estamos em processo de construção da história da Igreja Metodista na 7ª Região Eclesiástica, escrevendo de modo pon­tual e dando continuidade aos 150 anos do metodismo brasileiro, com seus desafios missionários, quer seja em área praiana, serrana, rural ou nos grandes desafios das metrópoles, onde a presença do movimento metodista torna-se necessária.

A família Féo, na pessoa do patriarca Francisco, viu que era necessário continuar avançando o trabalho missionário e precisava firmar-se em um local além das celebrações de casa em casa e propõe a construção de um Santuário Metodista para reunir as famílias para adoração e louvor ao Deus missionário. Reúne-se com o pastor e com os/as demais integrantes da Comunidade e, junto com sua família, compromete-se, com os seus/as 14 filhos/as, a uma forma de participação na compra de materiais de construção e, portanto, em 5 de outubro de 1930, compram o terreno e no mesmo ano lançam a pedra fundamental.

Em 4 de agosto de 1933, o Pastor Messias Cesário dos Santos organiza a Igreja com os/as agentes missionários/as: Madalena Féo, Santiago Delgado, Francisco Féo Jr., João C. Leal, Luiza Claussen Soares, Delbe Soares Féo, Presciliana Soares, João Barreiros Amorim, Gracinda de Amorim, Eunice Féo, Ester Féo, Célia Féo, Mirella Féo, Maria Pinheiro Caire, Eunice Caire, Mirza Borges Pinheiro, Samuel Caire, Olda Vidal. A Oração, CHAVE de todo o avivamento e sempre presente na expansão do Movimento Metodista, tem em 1936 a organização do Círculo de Oração para fortalecer a Espiritualidade da Igreja.

Desafios atuais

Além de a Igreja Metodista Central ter sido organizada em 1933, outras Igrejas Metodistas foram estabelecidas, dando origem ao Distrito Eclesiástico de Teresópolis. Portanto, a 7ª Região Eclesiástica iniciou oficialmente em 2017, mesmo com a missão dos 120 anos do movimento metodista na cidade de Teresópolis. Atualmente são dez Distritos Eclesiásticos, com cerca de 288 Igrejas, Projetos Distritais Missionários, 231 pastores e 68 pastoras, totalizando 299 obreiros e obreiras na missão.
As Igrejas estão realizando seus projetos de avanço missionário em 58 cidades do estado do Rio de Janeiro, cuja população que necessitamos alcançar, segundo o Censo Demográfico de 2010, é de 5.260.714 pessoas.

Em julho de 2016 realizou-se o 20º Concílio Geral, o qual, além de aprovar novas diretrizes para o novo quinquênio eclesiástico (2017-2021) com o tema “Discípulas e discípulos nos caminhos da Missão”, homologou a formação da 7ª Região Eclesiástica, elegendo novos bispos e bispas, e o Colégio Episcopal designou o Bispo Emanuel Adriano para presidir nossa Região Eclesiástica.

No site de nossa Região Eclesiástica (http://metodista7re.org.br/noticias/convocacao-para-o-4-concilio-regional-7a-regiao-eclesiastica/), você vai verificar os Projetos Missionários que estão acontecendo e que acontecerão, cumprindo o NOSSO INDO missionário, “em Direção às Águas Profundas!”

Nosso 4º Concílio Regional Ordinário – de 9 a 12 de novembro de 2017 – foi convocado e será pela primeira vez presidido pelo Bispo Emanuel Adriano, no qual aprovaremos o Plano Regional Missionário para o próximo biênio: 2018-2019, sendo nosso alvo: “O Evangelho para cada pessoa no estado do Rio de Janeiro, um grupo de discipulado para cada rua, e uma igreja para cada bairro ou cidade. Para alcançar 1.000.000 de discípulos até 2021”, como desafio à luz das resoluções do 20º Concílio Geral.

Novos DESAFIOS MISSIONÁRIOS estão sendo colocados diante de nós em cada cidade em que nossas Igrejas, Pastores e Pastoras, Missionários e Missionárias, Instituições Regionais – Carlota Pereira Louro (Asilo) – ou Locais, Grupos Societários e respectivas Federações, Secretarias Executivas Regionais estão localizados para que as Ênfases Missionárias possam ser um facilitador na implementação do Plano Nacional Missionário.

O Movimento Metodista continua crescendo desde o tempo em que ele foi organizado, em 24 de maio de 1738, quando da experiência do Coração Aquecido de João Wesley, à Aldersgate Street (Londres), cujo Movimento de Avivamento parou uma Revolução na Inglaterra.

Hoje nós estamos presentes no mundo em cerca de 130 países e somos milhões de metodistas espalhados/as dando nossa contribuição missionária ao mundo, cuja finalidade é juntar-nos como povo cristão e levar a humanidade de nossa sociedade para vivermos num lugar mais justo e fraterno, onde a plenitude do Evangelho de Jesus Cristo possa ser vivenciada, como Ele mesmo disse: “Eu vim para dar vida e vida em abundância” (João 10.10).

Conclusão

Portanto, nesta celebração dos 150 anos do Metodismo Brasileiro, tomei os 120 anos do movimento metodista na cidade de Teresópolis como chave de leitura desta história, na qual o exercício de nossos ministérios, grupos societários, órgãos coletivos, escola dominical, instituições e outros modos de organizar (cf. Ex 18.13ss; At 6; Ef 4; I Co 12; Rm 12) devem ter sempre como objetivo nosso Planejamento Missionário e outras propostas de projetos missionários.

O esforço das famílias suíças, italianas, americanas, inglesas, negras, indígenas vindo em nossos primórdios tiveram como referência o amor de Deus encarnado em suas vidas através de seus ministérios, serviços, através dos dons – Graça, para o exercício em parceria, e assim estando juntos, nesta tarefa missionária (I Co 12.7), conforme a necessidade da Missão em cada cidade no estado do Rio de Janeiro, aqui na 7ª Região Eclesiástica.

Por isso, vejo que, para celebrar os 150 anos de metodismo no Brasil, é preciso considerar a história da 7ª Região como referência. Isso nos desafia missionariamente a construir um novo Corpo de Cristo, em que necessitamos ter claro o que diz o Evangelho de João: “haverá um Rebanho e um Pastor” (cf. Jo 10.16; I Co 12.1-31; Ef 4.1-16). Nossa visão do Movimento Metodista é instrumento para realizarmos o Reino de Deus como um todo, superando a concepção individualista, buscando responder à realidade em que estão localizados/as para fazer valer a Missão que é de Deus, quer seja como Comunidade de Fé em nossa 7ª Região Eclesiástica, quer seja nas demais Igrejas Cristãs espalhadas em nosso país, celebrando a continuidade do movimento metodista nesses 150 anos de permanência no Brasil.

Devemos manter acesa a chama do projeto missionário do movimento metodista, que foi semeado em 1835 e depois nasceu em 1867. Esse trabalho missionário feito pelos/as pioneiros/as do Evangelho de Jesus Cristo em nossas terras, especificamente na 7ª Região Ecle­siástica, busca dar conta dos desafios missionários a partir das necessidades do povo brasileiro, e que hoje cabe a nós, diante da realidade que estamos vivendo, continuar afirmando nossa fé, levando outros/as a também experimentarem uma vida com Jesus Cristo: “O Senhor é o meu Pastor e nada me faltará” (Sl 23), e assim “espalhar a santidade bíblica por toda a terra da 7ª Região Eclesiástica” (João Wesley).

Referências
CHAVES, Odilon M. – Um século e meio sob o Dedo de Deus, Revista da Cidade Gráfica e Editora Ltda, 1989.
Colégio Episcopal da Igreja Metodista (2017-2021) – Plano Nacional Missionário 2017, Editeo, São Bernardo do Campo: 2017.
Site da Igreja Metodista na Sétima Região Eclesiástica: http://metodista7re.org.br/

Pastor Marcos Gomes Tôrres  | 7ª Região
Publicado originalmente no Expositor Cristão de setembro/2017

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