Publicado por Redação em Igreja e Sociedade, Notícias, Atualidade - 07/05/2018 às 14:34:03
Evangelização no Cárcere
A prisão não se dá de forma igualitária, na verdade o aprisionamento acontece de forma seletiva. De acordo com as estatísticas penais, o/a preso/a é: jovem, com nível escolar fundamental incompleto, negro/a e predominantemente preso/a pelo crime de tráfico de drogas (uma em cada quatro pessoas foi presa por tráfico de drogas no Brasil).
Se levarmos em consideração os critérios citados (etário, étnico e grau de instrução), em comparação ao restante da sociedade, veremos que há maior representação desses grupos no sistema carcerário.
Uma análise objetiva do sistema carcerário (com base em dados estatísticos) nos faz concluir que o fenômeno do encarceramento não se explica apenas (ou tem causa) a questões de ordem moral (pecado, escolhas erradas, tendência de algumas pessoas a serem bandidos, etc.), para assim nos eximirmos de culpa ao dizer: “bandido bom é bandido morto”.
Ministrar/participar da eucaristia com presos/as, após refletir sobre tudo até aqui dito, me dá consciência da radical idade deste ato (às vezes tão chocho) que fazemos uma vez por mês em nossas igrejas locais.
A Ceia do Senhor tem um sentido escatológico. Jesus comia com párias incluindo todos/as em sua mesa (publicanos/as, meretrizes, samaritanos/as, leprosos/as). Ao fazer isso, afirma (como o profeta Isaías) que todos/as estaremos juntos/as na mesma mesa sem separação de raça, classe e gênero.
O Reino de Deus se tornará pleno um dia, mas eu posso vivê-lo, anunciá-lo e sinalizá-lo hoje como Sua Igreja.
Evangelizar no presídio para mim é sinalizar amor e misericórdia. É ser boa-nova. Ao concluir, é fundamental citar que a Federação de Mulheres na Região é uma importante parceria nesta obra missionária, fazendo constantes doações de material de higiene pessoal para as mulheres encarceradas.
“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre os que habitavam na terra da sombra da morte resplandeceu a luz” - (Isaías 9.2)
Pr. Edvandro Machado Cavalcante
Publicado originalmente no Jornal Expositor Cristão de maio de 2018