Publicado por Redação em Notícia, Atualidade, Banner - 04/05/2017 às 14:39:56

Denúncias de violência sexual contra crianças chegam a quase 50 por dia

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Que a música Prepara, da cantora Anita, faz sucesso muita gente já sabe. O que poucos conhecem mesmo é a paródia dela – Repara. A ideia foi da jovem professora de teatro e diaconisa da Igreja Metodista, Ester Stephany da Costa Antunes, que apresentou o trabalho de conclusão no curso de Diaconato, no Instituto Metodista Bennett, voltado para a prevenção em saúde como instrumento na luta contra o abuso sexual infanto-juvenil.

Em 18 de maio, Ester quer fazer uma mobilização para apoiar a Campanha do governo federal em defesa das crianças e adolescentes. Segundo dados do Disque-Denúncia Nacional, Disque 100, mais de 17,5 mil crianças e adolescentes podem ter sido vítimas de violência sexual no Brasil em 2015, quase 50 por dia durante um ano inteiro. Os dados foram divulgados no dia 18 de maio do ano passado – no Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

As denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes no Disque 100 foram apenas uma parcela das 80.437 registradas em 2015 contra essas faixas etárias. Negligência e violência psicológica são outras violações registradas. As meninas são as maiores vítimas, com 54% dos casos denunciados. A faixa etária mais atingida é a de 4 a 11 anos, com 40%. Meninas e meninos negros/as ou pardos/as somam 57,5% dos/as atingidos/as.

Ester tomou conhecimento dos números anteriores de crianças que são abusadas sexualmente e começou a trabalhar por essa causa. No início foi em Realengo/RJ, depois, com um grupo de Voluntários em Missões da Primeira Região Eclesiástica que foi para Manacapuru, em Manaus/AM, onde tomou conhecimento das necessidades do lugar e trabalhou com educação popular em saúde. Teve o apoio da Igreja Metodista local, do conselho tutelar e da coordenadoria de educação. Confira na entrevista a seguir o ministério que Deus deu para a jovem Ester. A paródia Repara e o roteiro das peças de teatro para desenvolver em sua comunidade estão disponíveis para download no site www.expositorcristao.com.br.

Quando começou a trabalhar com o tema?

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O tema do Trabalho de Conclusão de Curso de Diaconia da Ester foi sobre a violência sexual infantil.



Em 2015 trabalhei melhor o planejamento e consegui apoio de professores/as do IFRJ, que fizeram vários cartazes. A ideia era mostrar o problema e viabilizar através da educação em saúde uma possível solução. A Igreja Metodista em Realengo e seus/as pastores/as da época estavam conosco na praça. Mães e várias crianças da comunidade conversaram conosco buscando orientações sobre o tema.

Começou no Rio de Janeiro?

Os três primeiros anos foram em Realengo e depois fui com um grupo de voluntários/as em missões até Manacapuru, em Manaus/AM. Lá conheci as demandas e trabalhei com educação popular em saúde. A viagem durou nove dias, mas conseguimos ir a cinco escolas para apresentar o projeto Repara e a paródia da música Prepara, da Anita, para mais de 400 crianças da rede estadual de ensino. O conselho tutelar entrou em contato recentemente e me pediu autorização para usar a música na campanha deste ano; fiquei feliz, uma vez que abuso sexual faz parte da cultura de muitos/as em Manaus. É complicadíssimo, mas somos criativos/as e disponíveis para o serviço! A experiência foi desafiadora e ótima, pois uma realidade foi exposta e nos adequamos a ela para servir.

 

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Ester Antunes em conversa com crianças e adolescentes, além de professores/as.



Que tipo de apoio você tem conseguido para desenvolver o projeto?

Tenho o apoio dos/as meus/as alunos/as de teatro, que sempre se disponibilizam para atuar contra o abuso, apoio da faculdade em que estudei, que já imprimiu, em 2016, folhetos com os índices de abuso, os quais foram distribuídos na comunidade. Agora tenho buscado o apoio da Igreja Metodista, Sociedade Bíblica do Brasil , ABU, JOCUMBRASIL, Agência Malta e Federações para que as pessoas tenham ciência da Campanha e se mobilizem.

Não recebo nenhum apoio financeiro, mas eu me comunico e consigo sempre trabalhar com os recursos que temos, cada um com um cartaz, vestindo preto e se fazendo presente. A ideia é conscientizar e atrair pessoas para a luta, então, utilizo estratégias que sejam viáveis.

Qual será a data da Campanha e que tipo de ações você planeja?

A data é 18 de maio, pois nos lembramos do caso Araceli, uma criança que foi violentada por jovens de classe média alta em Vitória/ES, em 1973. Geralmente fazemos um bate-papo com a comunidade e chamamos o conselho tutelar, profissionais da área de saúde que abordem o tema, artistas e músicos. Mas o planejamento sempre muda, em 2016 tivemos duas apresentações de teatro, histórias para crianças, palhaçaria e distribuição de doces com panfleto da campanha, palestra com o conselho tutelar, dinâmicas e divulgação da música contra o abuso.

Em quais cidades apresentou o Repara?

Com o Repara, só atuei no Rio de Janeiro e em Manacapuru, mas o projeto está sendo encaminhado para Búzios, e já tive reuniões com o conselho tutelar e rede de defesa da criança e do adolescente da cidade. Com o teatro já fui para Piauí, Paraíba, São Paulo e Recife, onde falei de teatro como instrumento de transformação social, mas o abuso sexual sempre foi e será citado nas minhas oficinas.

A Data

No dia 18 de maio de 1973, uma menina de 8 anos foi sequestrada, violentada e cruelmente assassinada no Espírito Santo. Seu corpo apareceu carbonizado seis dias depois. Os agressores, jovens de classe média alta, nunca foram punidos.
A data ficou instituída como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a partir da aprovação da Lei Federal 9.970/2000.

Como Denunciar?

Para denunciar qualquer caso de violência sexual infantil, é necessário procurar o Conselho Tutelar, delegacias especializadas, autoridades policiais ou ligar para o Disque-Denúncia Nacional, o Disque 100, vinculado à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.

Confira a letra e o áudio da paródia abaixo.

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José Geraldo Magalhães
Publicado originalmente no Jornal Expositor Cristão impresso de maio/2017

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