Publicado por José Geraldo Magalhães em Doutrina - 05/03/2020 às 11:33:45

Crenças fundamentais dos metodistas

Redação

Na edição passada abordamos na matéria de capa o período litúrgico da Quaresma. Recebemos alguns e-mails dos/as leitores/as reforçando a importância de se falar sobre o tema, mas também e-mails de pessoas que desconhecem o calendário litúrgico afirmando, inclusive, que a Quaresma é uma prática da Igreja Católica. Optamos em publicar, a partir desta edição, uma editoria sobre as doutrinas metodistas para reforçar a prática cristã dos/as metodistas.

Iniciamos a conversa buscando nas raízes. O metodismo começou na Inglaterra, no século 18, a partir da experiência de fé de um jovem pastor anglicano chamado John Wesley (1703-1791). Quando era estudante da Universidade de Oxford, Wesley foi um dos líderes de um grupo de cristãos/ãs que se reunia regularmente com o objetivo de aperfeiçoar sua vida espiritual. Por causa de seus hábitos metódicos de estudo e oração, os/as estudantes acabaram sendo apelidados/as de “metodistas”. Em 1738, Wesley sentiu-se chamado a renovar a Igreja Anglicana e a sociedade em que vivia, buscando a vivência de santidade individual e social. A mensagem de conversão individual e transformação da sociedade fez o movimento metodista crescer na Inglaterra e resultou na fundação da Igreja Metodista.

Doutrinas (Ensinos) 
A Bíblia: Aceitamos as Sagradas Escrituras, os livros do Antigo e do Novo Testamento, como Palavra inspirada por Deus e necessária à salvação.
Deus: É o fundamento e o Senhor deste Universo. Na Trindade, age sob três formas: Deus Pai, criador e soberano sustentador do Universo; Deus Filho, que se esvaziou para assumir a forma humana e nos conduzir ao Pai; e Deus Espírito Santo, nosso consolador que testifica com o nosso espírito que somos Filhos/as de Deus e nos inspira para a missão.

A criação humana e o pecado original: O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus. Contudo, usando a liberdade dada por Deus, o homem e a mulher escolheram desobedecê-Lo. Este pecado quebrou a comunhão humana com o Criador, trazendo desarmonia para toda a criação e a sociedade. Mas Deus tomou a iniciativa de nos reabilitar. Assim, por meio de Jesus Cristo, podemos restabelecer nossa comunhão com Deus.
Graça preveniente (ou preventiva): A graça é a disposição benevolente de Deus para com o ser humano, sua misericórdia a favor do ser humano, abrindo a possibilidade para a salvação. Quando dizemos “somos salvos/as pela graça de Deus”, significa que somos salvos/as pela misericórdia de Deus posta em ação a nosso favor. Wesley acreditava que a graça salvadora (ou preveniente, como ele a chamava) estava em atuação no coração de todos os seres humanos, ao lado de sua consciência. É a própria presença de Deus em ação, por sua misericórdia, procurando levar o ser humano ao arrependimento.

Livre-arbítrio: A graça de Deus não é imposta, o ser humano pode aceitá-la ou rejeitá-la. Quando, então, demonstramos essa boa vontade, a graça passa a operar em nós dando-nos assim a possibilidade de praticar as boas obras que de outra forma nos seriam impossíveis. Por isso, os/as metodistas não aceitam a teoria da predestinação (doutrina segundo a qual algumas pessoas estariam predestinadas à salvação). Os/as metodistas acreditam que a salvação, pela graça de Deus, está aberta a todas as pessoas.

Arrependimento: O arrependimento surge do autoconhecimento e leva a uma transformação real. Consiste no abandono do pecado e no voltar-se para Deus e seu serviço. Portanto, não se trata de mero remorso, mas de uma mudança de atitude. O arrependimento é o primeiro movimento para a salvação (Mt 4.17). Deus está nos convidando ao arrependimento e torna possível uma resposta positiva através de sua Graça. Um cadáver nada pode responder, mas o pecador e a pecadora até o último instante têm a oportunidade de fazer o primeiro movimento.

Justificação: Justificação é o perdão de pecados. Cristo tomou sobre si as nossas culpas. Sofreu, imerecidamente, em nosso lugar. Assim, estamos reconciliados/as com Deus mediante o sangue de Cristo. Sob uma única condição o ser humano pecador é justificado: pela fé em Jesus Cristo. O arrependimento, que antecede a fé, é um profundo sentimento da ausência do bem e a consciência da presença do mal. Só a fé traz o bem. Primeiro a árvore se torna boa; depois os frutos se fazem bons.

Santificação: para Wesley, a santificação ou “perfeição cristã” não é um estado do ser humano (pois não há perfeição na terra), mas um processo de constante crescimento. “O ser humano tem sempre necessidade de crescer em graça e avançar diariamente no conhecimento e no amor de Deus” (Sermões de Wesley, vol. 2, p. 286). Esse crescimento só é possível por meio do Espírito Santo que age em nós, conduzindo um processo que se inicia com a fé em Jesus Cristo, o perdão dos pecados e a regeneração de nossa vida. O Espírito Santo santifica nossa vontade de tal maneira que passamos a escolher o bem e dizer não ao mal e ao pecado. O resultado desse processo de santificação se traduz em obras que buscam implantar a santidade na terra, unindo o/a cristão/ã aos seus irmãos e irmãs.

Evangelho social: Espalhar a santidade bíblica por toda terra era um dos lemas de John Wesley. Assim, a doutrina da santificação wesleyana inclui dois movimentos que devem estar integrados: os atos de piedade e os atos de misericórdia. Atos de piedade são os atos que levam ao crescimento espiritual (a leitura bíblica, oração, jejum etc.). Atos de misericórdia são os atos em favor do próximo, as ações em favor da promoção da vida e da justiça social. Para Wesley, não há santidade sem a conjugação adequada desses dois aspectos. Segundo ele, a santificação se concretiza na interação humana. Enquanto a justificação pressupõe um ato de fé pessoal, a santificação pressupõe a existência do outro, do próximo, tanto no nível comunitário eclesiástico como na esfera pública. Na tradição wesleyana, ninguém se santifica sozinho/a, pois a santificação é sociocomunitária. No entendimento de Wesley “não há santidade que não seja santidade social (…) reduzir o Cristianismo tão somente a uma expressão solitária é destruí-lo”.

Os sacramentos. 
São dois:
O batismo: Praticamos o batismo por aspersão, embora aceitemos o batismo por imersão ou derramamento. Aceitamos o batismo infantil. O batismo é o sacramento de incorporação da pessoa à comunidade de fé.

A Ceia do Senhor: É uma celebração do amor redentor de Deus e de sua graça capacitadora. Significa comunhão com Deus e a comunidade de fé e compromisso renovado com a missão. Os/as metodistas entendem que a ceia do Senhor não foi instituída pela Igreja, mas por Jesus Cristo e, por isso, abrem a sua participação a todas as pessoas, de qualquer idade, que se sintam em comunhão com Deus. 

/// Com informações: 
www.metodista.org.br


Publicado originalmente na edição de MARÇO de 2020 do jornal Expositor Cristão 

*Reprodução parcial ou integral deste conteúdo autorizado desde que seja citado a fonte conforme abaixo:

[Nome do repórter ou autor], Expositor Cristão (Edição março de 2020)


Tags: doutrina, crencas


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