Publicado por José Geraldo Magalhães em Igreja e Sociedade - 24/06/2021 às 12:13:58
Colégio Episcopal: vozes em lamento, exortação e oração
Vozes em lamento, exortação e oração!
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"Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que vocês sejam curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo."
(Tiago - 5.16)
Irmãos e irmãs da Igreja Metodista, que o consolo do nosso Deus esteja com suas comunidades e famílias nesse tempo de luto coletivo. No Brasil, atingimos o número de 500 mil mortes por Covid-19 na última semana, além de novo recorde de infecções. Algo trágico e desafiador.
Ao longo de todos esses meses de pandemia, o Colégio Episcopal veio se manifestando por meio de pronunciamentos com recomendações pastorais, que admoestaram sobre a oração como caminho de esperança; a importância da vacinação contra a COVID e a necessidade de perseverar e crer no Deus de toda a consolação. Hoje, além de reafirmarmos tudo isso, erguemos a nossa voz em lamento, exortação e oração.
Não podemos ignorar o marco de mais de 500 mil pessoas mortas e famílias enlutadas – cerca de 5 milhões de pessoas – em nosso país. Dentre tantas perdas, somamos as ocorridas no seio das famílias metodistas, incluindo pastores, pastoras e lideranças leigas. Tamanha tragédia se intensifica pela maneira do nosso país em lidar com a pandemia. A desinformação sobre a doença, a falta de imunizantes, os desrespeitos ao distanciamento social, ao uso de máscara e álcool em gel, a inaptidão do poder público na orientação de medidas seguras e comprovadamente científicas para o enfrentamento do vírus e os comprovados desvios de recursos destinados à saúde vêm colaborando para o avolumar de dor e morte entre nós.
O pecado, tanto dos mandatários do poder público, quanto de quem nega a gravidade da pandemia, promovendo aglomerações, deve ser encarado pela igreja como um pecado social grave contra a vida. As mortes, especialmente aquelas que aconteceram em decorrência de falta de leitos de UTI ou da escassez de oxigênio, não devem ser entendidas de forma alguma como a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Em tudo isso, não podemos nos conformar com o padrão do mundo que naturaliza a morte evitável, mas sim questionar e denunciar, de forma racional, tais atrocidades.
Em seu ministério, John Wesley foi desafiado a lidar com questões sociais graves, como a guerra e a escravidão, e em nenhum dos casos, atribuiu à vontade de Deus o que de fato era responsabilidade humana. Ele incentivou que metodistas tivessem posicionamentos coerentes e equilibrados com relação aos temas, de forma crítica e racional, ainda que isso estivesse em conflito com o senso comum, autoridades ou leis, tendo como guia a justiça e a preservação da vida humana.
Certa vez escreveu Wesley sobre a escravidão: “o grande clamor é este: estas coisas são autorizadas pela lei”. “Mas pode uma lei, uma lei humana, mudar a natureza das coisas? E ela transformar trevas em luz, maldade em bondade? De forma alguma.” (Pensamentos sobre a escravidão, John Wesley, 1774).
À semelhança de Wesley, instamos a Igreja Metodista do Brasil a olhar para o difícil momento e as múltiplas crises que o país enfrenta, se posicionando de forma realista, verdadeira, cristã e corajosa. Sem perder, no entanto, a capacidade de confiar no Deus de toda consolação, de chorar com os que choram e de suportar uns aos outros e umas às outras em amor.
São muitas as vozes que choram as perdas e as saudades. Assim como Jesus, que chorou diante de momentos difíceis como ante a Jerusalém e diante do amigo morto, nós choramos e nos solidarizamos com cada uma destas famílias enlutadas.
Choramos com quem chora, mas não só isso. Clamamos a Deus por cura, restauração, sanidade e salvação! Oramos por um milagre e reafirmamos a importância de seguirmos as orientações vigentes para o combate desta pandemia: os usos de máscara e álcool em gel, a vacinação e a obediência das medidas de distanciamento social.
Que a graça consoladora seja sobre cada coração nestes dias tristes. Recebam nossa solidariedade e o nosso abraço.
Em Cristo Jesus,
Colégio Episcopal da Igreja Metodista
24 de junho de 2021.
Fonte: www.metodista.org.br
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