Publicado por Redação em Notícia, Nacional, Banner, Educação - 30/03/2017 às 10:39:32
Cogeime completa meio século em abril
Colégio Piracicabano, fundado em 13 de setembro de 1881 pela missionária Martha Watts, é a Instituição Metodista pioneira no Brasil.
No mês de abril, mais especificamente no dia 22, o Instituto Metodista de Serviços Educacionais (Cogeime) completa 50 anos. O órgão nasceu, em 1967, das necessidades que foram sendo delineadas em encontros para discutir a realidade da educação metodista e de suas escolas. Um dos temas submetidos à intensa discussão para a criação foi o da confessionalidade metodista na educação. Outro tema importante foi o da cidadania.
O professor dr. Rui de Souza Josgrilberg destaca a importância e o avanço da criação do Cogeime: “Uma função importante do Cogeime é a de representar as instituições de ensino metodistas do Brasil diante do Ministério de Educação e outras relações com o governo”, disse.
O Plano Nacional Missionário aponta uma direção missionária para a Igreja Metodista relacionada às instituições educacionais. “A educação faz parte da Missão como processo que visa oferecer à pessoa e à comunidade uma compreensão da vida e da sociedade, comprometida com a prática libertadora, recriando a vida e a sociedade, segundo o modelo de Jesus Cristo, e questionando os sistemas de dominação e morte, à luz do Reino de Deus”, diz o documento.
Após a criação do Cogeime, em 22 de abril de 1967, época do centenário metodista, foi necessário também reunir em uma publicação os estudos, artigos e reflexões a respeito da educação metodista. Nascia, então, em outubro de 1992, a Revista do Cogeime, que tratou do tema “Educação e Confessionalidade” em seu primeiro número publicado. A Revista segue suas publicações até hoje.
Para o professor Rui Josgrilberg, foram as necessidades das instituições que levaram à criação do Cogeime. “A importância do Cogeime nasceu de sua própria capacidade de atender às necessidades das instituições metodistas. A realidade dá o movimento, e a instituição deve refleti-lo”, enfatizou o professor Josgrilberg.
A visão foi ampliada dessa realidade quando a instituição ficou atenta à sua representatividade em um raio maior que representasse as instituições evangélicas no país. “A criação da Associação Brasileira de Instituições Educacionais Evangélicas (ABIEE) foi de importância capital. Ela tornou-se uma representação tão forte quanto os órgãos de representação da Igreja Católica, dando um pouco mais de equilíbrio nas relações das instituições educativas confessionais diante do governo, inclusive para benefícios e verbas”, conclui o professor Rui Josgrilberg em artigo publicado na Revista Cogeime, nº 41, que marcou os 20 anos da revista e 45 do Cogeime.
Irá tomar posse no dia 7 de abril o novo reitor da Universidade Metodista de São Paulo, Paulo Borges Campos Jr. A cerimônia será no Salão Nobre da instituição. Borges era presidente do Conselho Superior de Administração (Consad) desde agosto de 2014.
No contexto latino-americano, novamente o Cogeime se torna um agregador de forças quando se criou na América Central e do Sul a Asociación Latinoamericana de Instituciones Metodistas de Educación (ALAIME), em 1997. O Cogeime foi primordial para colocar as escolas metodistas brasileiras no mapa das escolas metodistas no mundo, pela associação e participação afetiva na International Association of Methodist Schools, College and Universities (IAMSCU).
O professor Ulysses de Oliveira Panisset lembra que, em 1965, já existia a Junta Geral de Educação Cristã (JUGEC), que se preocupava com os materiais para a Escola Dominical e outros assuntos específicos voltados para a educação. “Nesse período, o secretário da referida junta era João Nelson Betts, que também se preocupava com os demais aspectos da educação em nossa Igreja e sensível, portanto, à necessidade de maior estímulo ao compartilhamento de experiências e aos estudos ligados à educação secular”, destacou Panisset.
Ao longo dos anos, a partir de 1967, houve uma legitimação do Cogeime no âmbito metodista, evangélico e, sobretudo, junto aos órgãos e autoridades do governo. Houve a possibilidade, inclusive, de indicar nomes a serem considerados pelo Presidente da República para a constituição do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Segundo o professor Ulysses Panisset, outra informação que aponta a grandiosidade da Igreja Metodista e do Cogeime na posse do CNE foi a presença de um Bispo metodista. “No dia em que foram empossados os novos membros do Conselho Nacional de Educação, em cerimônia realizada em 26 de fevereiro de 1996 no Auditório do CNE, em Brasília, nós, metodistas empossados, tivemos a imensa satisfação de ver o Bispo Adriel de Souza Maia, então presidente do Colégio Episcopal, ser a única autoridade religiosa a compor a mesa que dirigiu o evento”, lembrou Panisset em seu artigo publicado na Revista Cogeime, nº 41.
A partir daí outros avanços aconteceram. Uma aspiração antiga era o reconhecimento do curso de teologia da Igreja Metodista pelo CNE e Ministério de Educação. Até então, o curso era tido como um curso livre e, consequentemente, não conferia o título de bacharel às pessoas que passassem pela Faculdade de Teologia, em São Bernardo do Campo/SP.
História
Quando se fala em Educação Metodista é preciso voltar no tempo e recordar a tradição. Foi no século XVIII, na Inglaterra, que John Wesley fundou a primeira Escola Metodista, a Kingswood School, em 1748, que está em funcionamento até hoje.
Os/as pioneiros/as da educação metodista no Brasil, rev. Junius E. Newman, rev. John James Ransom, Miss Martha Whatts, rev. James William Koger, rev. James L. Kennedy e tantos/as outros/as que vieram em seguida para a missão no Brasil, no final do século XIX, estavam mais que convencidos/as de realizar a missão pela via da educação, com especial atenção à educação secular.
O Colégio Piracicabano foi fundado em 13 de setembro de 1881 pela missionária Martha Watts; é a Instituição Metodista pioneira no Brasil. Mais tarde, o Colégio deu origem à Universidade Metodista de Piracicaba, a UNIMEP, a primeira universidade Metodista no Brasil e na América Latina.
Tanto as escolas metodistas como as universidades se multiplicaram e consolidaram uma rede que hoje está presente em dez estados brasileiros, incluindo duas universidades, três centros universitários, três faculdades integradas e escolas de Educação Básica, de pequeno, médio e grande porte, num total de 57 unidades. Além dessas instituições, a Igreja Metodista mantém uma Faculdade de Teologia e seis Institutos, Centros e Seminários Teológicos.
Essa rede de instituições educacionais reafirma a visão e a ação dos/as missionários/as metodistas que aqui chegaram a partir do século XIX, com o desafio do movimento metodista mundial e a diretriz de John Wesley: Igreja e Educação como organizações indissociáveis.
José Geraldo Magalhães
Publicado originalmente no Jornal Expositor Cristão impresso de abril/2017