Publicado por Redação em Política, Entrevista - 09/01/2016 às 17:04:09
Bispo Adonias orienta a Igreja no atual cenário político
O presidente do Colégio Episcopal, bispo Adonias Pereira do Lago, fez alguns apontamentos sobre o atual cenário político vivenciado no Brasil e o posicionamento da Igreja Metodista em relação ao pedido de Impeachment da Presidente Dilma Roussef. O que fazer para superar a crise econômica e qual a orientação para a Igreja neste momento? Confira!
Expositor Cristão: Estamos um pouco distantes da política. Embora o CE tenha escrito as Cartas Pastorais das Eleições, Manifesto contra a Corrupção, não seria um tempo de ocuparmos os espaços públicos e lutar pelos direitos da sociedade?
Bispo Adonias: Além do Guaracy Silveira, o dr. Aldo Fagundes também foi deputado federal com uma trajetória de dignidade que honrou o metodismo e o evangelho. Agora temos o deputado Áureo, que também luta para se manter idôneo e pelas causas sociais em seu estado. Temos conhecimento de deputados estaduais e vereadores metodistas envolvidos em estados e municípios. Além de representantes metodistas em secretarias e outras áreas de algumas cidades de nosso país. Bom seria se houvesse metodistas marcando presença em cada cidade dentro de uma visão integral do ser humano. É nossa missão evangelizar e fazer novos/as discípulos/as em cada cidade, bem como atuar em conselhos tutelares, associações civis de cunho social, envolvimento nas grandes questões que estão presentes nas cidades, visando alcançar os dois objetivos básicos: evangelizar e promover o ser humano a uma vida mais digna e justa. Prática social sem Evangelho é filantropia vazia de sentido, apesar de aliviar parte do sofrimento e fome do ser humano. Evangelização sem promoção humana e social pode levar à alienação religiosa e espiritual. Como metodistas, temos transitado nessas duas realidades, firmadas cada uma em sua teologia própria. Está na hora de buscar o equilíbrio Wesleyano em nosso jeito de ser Igreja e fazer a obra de Deus. A Piedade e Misericórdia resumem o que digo.
EC: O processo de impeachment da presidente pode levar até oito meses para ter sua conclusão definitiva. Qual seria a orientação para a Igreja nesse atual cenário político?
Bispo: Estamos em um estado democrático de direito, com direito à ampla defesa e ao contraditório. Entretanto, como se trata de um processo essencialmente político, qualquer posição que tomarmos será objeto de contestação. Enquanto Colégio Episcopal, somos contra o impeachment da Presidente Dilma, pois, ao menos até agora, não há nenhuma acusação de ilícito cometido pessoalmente por ela, da qual tenha se beneficiado economicamente ou politicamente.
EC: Mas e as Pedaladas Fiscais?
Bispo: As chamadas “pedaladas fiscais” são práticas recorrentes em todos os governos que a antecederam, inclusive em muitos estados e municípios. De qualquer modo, a defesa da Constituição e dos resultados das urnas é algo que devemos apoiar, salvo trânsito julgado de crime, determinado pelo poder judiciário, ou, no caso, pelo Supremo Tribunal Federal. Entendemos que a atual presidente é passiva de processos tanto quanto qualquer pessoa que ocupa posição de autoridade em nossa nação. Não podemos privilegiar uns/as em detrimento de outros/as. Diante da realidade econômica e política que vivemos, não tem como aceitar que haja muitas coisas erradas tanto no legislativo como no executivo de nosso país, além de práticas brutais de um capitalismo que gera desigualdade social distanciando cada dia mais os pobres dos ricos.
EC: O que se espera da justiça brasileira?
Bispo: Esperamos que a justiça alcance todos os/as infratores/as indistintamente e que cada um/a pague pelo crime que cometeu, sendo julgado/a retamente e sendo condenado/a por bases sólidas de provas incontestáveis e que cumpram suas penas sem privilégios, como todo/a cidadão/ã comum quando é julgado/a e condenado/a. Precisamos é de uma limpeza na nossa política, que carece de transparência e moralidade. Considerando alguns avanços sociais que houve anos atrás, lamentamos todos estes atuais acontecimentos políticos e econômicos, pois quem mais sofre é o povo, os/as mais pobres, os/as mais simples, os/as mais necessitados/as de nossa nação.
EC: O que podemos fazer para superar a crise?
Bispo: Neste tempo conclamamos nosso povo à oração, bem como a ser exemplo de integridade, honestidade e amor ao próximo, a partir de seu espaço geográfico e de sua rede de relacionamentos. Em meio às desilusões, corrupções, politicagem barata, mentiras, deve nascer em cada coração cristão e metodista, a esperança e a vontade de lutar por uma nação melhor e mais justa para todos/as. Temos que acreditar sempre que Deus age e pode mudar os rumos de uma nação, desde que seus/as discípulos/as creiam e lutem com as armas espirituais e sociais corretas visando a mudanças nas pessoas e nas instituições.