Publicado por Redação em Notícia, Entrevista, Nacional, Banner - 03/07/2017 às 17:26:20
Adhemar de Campos ministra para pastoras e pastores no encontro nacional
Autor de quase 600 músicas, o músico, compositor e pastor da Igreja Comunidade da Graça, Adhemar de Campos, é casado com Aurora e juntos têm três filhos: Rodrigo, Mariana e Juliana, todos envolvidos com música e pedagogia. Muitas de suas músicas são cantadas nas igrejas evangélicas há várias décadas. São 43 anos compondo músicas cristãs de qualidade inspiradas, segundo ele, em Deus – “a fonte inesgotável”. Em 1985 gravou seu primeiro LP e, em 1987, foi pioneiro ao gravar ao vivo músicas cristãs. Hoje conta com mais de 25 álbuns gravados e um DVD comemorativo dos 30 anos de seu trabalho, segundo o site oficial do músico.
O Pastor Adhemar foi a pessoa responsável por conduzir o corpo pastoral da Igreja Metodista à adoração no Encontro Nacional de Pastoras e Pastores – evento que acontece a cada cinco anos na Igreja Metodista, que, em 2017, foi realizado no Sesc Praia Formosa, em Aracruz/ES, nos dias 13 a 16 de junho.
Em entrevista ao jornal Expositor Cristão durante o evento, o pastor Adhemar contou como se converteu a Cristo em um acampamento de Carnaval, em 1974, além de dicas para quem está ligado diretamente à música cristã.
Como aconteceu a sua conversão?
Lembro-me como se fosse hoje. Era um sábado de carnaval e fui participar de um acampamento de jovens a convite de minha mãe; não sabia o que ia encontrar lá, eu não tinha convivência com igreja evangélica. Quando vi aquele ambiente de música e alegria, por ser músico, aquilo me fisgou. No segundo dia, quando a missionária Mary Johnson fez o apelo, trouxe uma palavra sobre Cristo, eu fui à frente e tive um encontro maravilhoso com Jesus. A partir daí comecei a congregar, me batizei e tive experiências com o Espírito Santo. Comecei a compor com dois meses de conversão. Nunca mais parei. São 43 anos que me encontro sob uma fonte inesgotável.
O senhor já recebeu algumas homenagens na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo como reconhecimento da música evangélica brasileira. O senhor esperava essas homenagens?
Interessante porque essas coisas não são planejadas. Elas acontecem de forma natural, espontânea, é como consequência da ação de Deus em minha vida, da maneira que eu consegui responder o que Ele me oferecia, proporcionava em termos de renovo, inspiração, alegria e benefícios. Isso foi me aproximando de Deus cada vez mais. Não tenho dúvida de que o que tenho feito nesses anos todos é fruto de uma sintonia com Deus. É tudo que eu tenho; se tirar isso, eu morro.
Como o senhor concilia o ministério pastoral com sua agenda?
Eu explicaria da seguinte forma: a vida da gente é feita de ciclos. Eu estou vivendo agora a estação de discipular, de treinar, fora do meu ambiente denominacional. Já fiz isso ao longo desses anos todos. Graças a Deus temos muitos/as ministros/as, são compositores/as também, talvez até melhores que eu, mas o DNA da comunidade é isso. Como sempre tive essa sensibilidade com outros ministérios, como vocês aqui, então foram surgindo parcerias e eu tenho procurado servir a Igreja como um todo em retiros, seminários e conferências.
É responsabilidade do/a músico/a ou ministro/a de louvor levar a Igreja à adoração?
O processo é simples. Essa função do/a dirigente, do/a regente à frente da congregação é um trabalho do/a músico/a, mas ele está aliado a uma questão de inspiração. A sua função é facilitar. Experiência de quem você está dirigindo com um Deus que está presente no ambiente. Vou dizer para você que isso não é fácil nem dá para ensinar. É uma coisa da sua sintonia com Ele que reflete no rebanho. Tem uma música que diz “do Senhor me vem a inspiração”. Se sou uma pessoa inspirada, quem é inspirado, inspira; quem é triste, entristece. É uma relação de causa e efeito. Minha fonte de inspiração é a Bíblia. Sempre tenho um texto no coração. Quando estou à frente, estou refletindo, autoalimentado, há momentos de um desaguar interior que acaba refletindo no meio do povo.
Como o senhor compõe? Há um local próprio?
No processo de composição há dois aspectos. O dom de compor e a capacidade. Qualquer um pode compor. Você pode compor. Quando é um dom, ele tem uma função específica e um efeito fulminante no bom sentido. Essas canções que tenho cantado há anos, como Grande é o Senhor, Não Existe Nada Melhor, entre outras, permanecem por anos. Eu diria que a fonte é de nível elevadíssimo. A fonte é perfeita e você é preparado por Deus para receber e distribuir. Sou um pastor que pastoreia através da música; muitas vezes as pessoas me dizem que se converteram ouvindo as músicas.
Ser músico/a requer alguns cuidados. Há alguma recomendação?
Uma vez conversei com uma pessoa que faz um trabalho parecido com o meu e eu disse:
— De que Igreja você é?
— Sou da igreja “x”, mas não vou muito porque a agenda não permite.
Eu continuei:
— É casado?
Sim, há pouco tempo.
Aí eu respondi:
— Então, você está pedindo para o pecado te arrastar para as profundezas nesse seu ritmo de vida, porque você não vai à igreja, é jovem, recém-casado e bonito.
O conselho que eu dou é: primeiro uma vida diante do Senhor. Jesus chamou para si aqueles/as que Ele quis. Ninguém pode ser enviado/a se não esteve com o Senhor. Eu não abro mão disso. Se eu não puder estar com o Senhor eu não quero ministrar; porque Ele é a fonte, a razão e a motivação. Quem não tem isso não tem nada. Tem ativismo, tem música, mas não tem ministério.
Em segundo lugar, precisa ter comunhão com a Igreja. Sou pastor auxiliar na Igreja onde me batizei, casei, a minha história está lá. Sempre fui da mesma Igreja. Meus filhos nasceram e casaram-se lá. Congregar é uma recomendação bíblica. Não existe igreja perfeita, mas não anula o fato de que eu tenha que deixar de congregar. Isso é muito saudável, porque faz falta para todos nós. Não é só frequentar, mas ter uma vida em comunidade junto com os irmãos e irmãs.
José Geraldo Magalhães
Publicado originalmente no jornal Expositor Cristão de julho